Etanol: Raízen (RAIZ4) e usinas comemoram reajuste da gasolina pela Petrobras (PETR4), mas Abicom não se contenta
Os preços do etanol voltaram a recuar na semana passada, com uma queda de 2,36%, atingindo R$ 2,07 por litro, em meio ao auge da safra de cana-de-açúcar.
Como você leu na semana passada, o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) criticou o controle de preços de combustíveis fósseis, que chamou de “subsídio inadmissível” e que afeta o etanol.
Nesta semana, os destaques estão envoltos pelo reajuste da Petrobras (PETR3;PETR4) para o preço médio de venda de gasolina A para as distribuidoras em R$ 0,41, que passará a ser de R$ 2,93 o litro, assim como para o diesel A, que teve reajuste de R$ 0,78, para R$ 3,80 por litro.
Reajuste da gasolina
De acordo com Marcelo Di Bonifácio, analista de açúcar e etanol na StoneX, as empresas importadoras de combustíveis vinham demandando o ajuste da Petrobras.
“Esse reajuste vem em linha com esse apelo das empresas, que apontavam essa defasagem. Alguns cálculos apontam que a defasagem poderia estar até maior, ou seja, ainda existe um espaço maior para um aumento, mas a situação para as importadoras de derivados melhorou”, diz.
Bonifácio relembra que, no dia 21 de julho, o biocombustível atingiu o “piso” de R$ 2,09 o litro, com as usinas ensaiando uma elevação nos preços.
“No entanto, o aumento da produção dos derivados da cana-de-açúcar e dos bons desempenhos da safra deram pouca margem para as usinas subirem mais os preços. Com isso, os valores do etanol voltaram a cair na semana passada, e as usinas precisavam de um fator externo (reajuste da gasolina) para os preços avançarem, já que a referência atual está próxima do custo de produção”, explica.
Dessa forma, o analista da StoneX avalia o reajuste da gasolina como excelente para o etanol.
“O Brasil já conta com a paridade abaixo de 70% (favorável ao etanol) em cinco estados, e, com esse reajuste, a tendência é que a demanda pelo hidratado aumente ainda mais, e esperamos que essa elevação do consumo já tenha tido um crescimento nas bombas em julho”, pontua.
Impacto para as usinas e posição da Abicom
Para o analista, as usinas precisam estar atentas aos preços de oferta maiores pelo etanol por parte das usinas.
“É difícil captar quanto as usinas têm elevado os preços. Aqui na StoneX, projetamos que o preço líquido poderia subir entre R$ 0,10 e R$ 0,20, dada essa volatilidade, já que demora um pouco para que esse ajuste da gasolina pela Petrobras chegue na gasolina na bomba (tipo C). Dessa forma, as usinas estão com um poder de barganha, porque a demanda tende a subir e, assim, o preço da cadeia tende a subir”, discorre.
Em abril, a paridade do etanol estava em 74% no estado de São Paulo. Atualmente, a paridade está em 64%, o que fortalece o cenário de demanda e ajuste de preços.
- Nubank reverte prejuízo e sai na frente dos grandes bancos brasileiros. Vale a pena investir no roxinho agora? Veja a recomendação para as ações no Giro do Mercado desta quarta-feira (16), é só clicar aqui para assistir. Fique ligado nas próximas lives: inscreva-se no canal do Money Times aqui.
Segundo levantamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem no fechamento da segunda-feira (14) registrou taxa de 28% em relação ao preço do diesel, a mais alta em 2023.
Com isso, para o preço interno ser equiparado pela estatal ao mercado internacional e viabilizar importações, o aumento deveria ser de R$ 1,18 por litro.
Já a gasolina deveria ter alta de R$ 0,86 por litro para chegar ao preço internacional, que estava defasado em 26% até o dia 14, segundo a Abicom.
Raízen (RAIZ4) comemora
Em teleconferência para comentar os resultados trimestrais, o CEO da Raízen (RAIZ4), Ricardo Mussa, disse que o aumento do preço da gasolina pela Petrobras anunciado favorece o etanol. Ele admitiu que a companhia estava preocupada com os valores baixos do biocombustível, reflexo da política da petroleira para o derivado de petróleo.
Assim, a Raízen registrou queda de 23,3% nas vendas de etanol de suas usinas, para 1,07 bilhão de litros, no primeiro trimestre da safra 23/24, refletindo a estratégia de comercialização para a safra, “em função da perda momentânea de competitividade do etanol frente à gasolina no período”, além da maior destinação de cana para a produção de açúcar.
*Com Reuters