Combustíveis

Etanol na gasolina: Como mistura pode reduzir preço do combustível e blindar Brasil da alta do petróleo

19 jul 2023, 16:11 - atualizado em 19 jul 2023, 16:11
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O governo estuda elevação do teor de etanol na gasolina de 27,5% para 30%; ministro Geraldo Alckmin já conversa com setor sucroenergético. (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, trouxe à tona um assunto já antigo: o de revisão da composição da gasolina. O governo estuda elevação do teor de etanol na gasolina de 27,5% para 30%.

O tema foi abordado, na última terça-feira (18), durante encontro com representantes do setor sucroenergético de São Paulo. As informações são de que o assunto também já vem sendo discutido com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Em maio, Silveira já havia sinalizado uma eventual alta no percentual de etanol nos combustíveis.

A medida é vista como uma solução para reduzir as emissões de carbono da frota de veículos nacional. No entanto, ela também pode ser uma forma de o governo conseguir reduzir os preços da gasolina e ainda se blindar no cenário de alta preço do petróleo internacional.

Petróleo em alta

Nas últimas semanas, o petróleo vem apontando para um movimento de alta, puxado por um avanço na demanda global pela commodity.

Os mercados reagem positivamente às promessas de mais estímulos da China, em meio aos sinais de fraqueza econômica. A segunda maior economia do mundo vem de uma leitura de PIB aquém do esperado, fato que motivou novas declarações de autoridades chinesas para apoiar o consumo doméstico.

À CNN Business, o analista de commodities da Moodle Analytics comenta que o país ainda não conseguiu superar a ressaca da pós-pandemia, a despeito de um início de ano sedutor. O represamento do consumo interno, com efeitos em diversos setores, tem mantido a demanda por combustíveis mais baixa.

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E a gasolina?

Na teoria, a medida do governo pode ajudar a reduzir o preço da gasolina sem precisar esperar a Petrobras (PETR3PETR4) ajustar os preços em suas distribuidoras. Isso porque reduz a dependência do Brasil no combustível fóssil, que varia de acordo com os preços internacionais.

A prática, por outro lado, é um tanto complexa. Primeiro, o governo precisa confirmar com a indústria automotiva se os motores dos carros são compatíveis com uma proporção maior de etanol.

Outra questão, levantada por Pedro Rodrigues, diretor e sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em entrevista para o Money Times, é que o etanol é derivado da cana-de-açúcar e está sujeito a sazonalidade como toda commodity agrícola.

“Sendo assim, não se pode fixar a mistura em 30%. Em função da safra, você pode ser obrigado a reduzir essa mistura para 29%, 28%, 27%. Ao dar essa flexibilidade, isso pode evitar uma alta no preço da gasolina”, afirma Pedro.

Outro fator que também afeta diretamente a gasolina é a política de preços da Petrobras. Há dois meses, a companhia deixou de usar a política de preço de paridade de importação (conhecida como PPI) e adotou uma nova estratégia comercial para definição de preços dos combustíveis.

No entanto, uma observação comum entre os analistas é de que essa nova política de preços não é clara. A petroleira passou a usar referências de mercado como: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobras. A variável internacional ainda é citada como parte da fórmula, mas não é claro o quanto ela significa para o cálculo final.

De acordo com a Associação Brasileira de Importação de Combustíveis (Abicom), o preço nacional para gasolina e diesel, praticado nos polos refinadores da Petrobras (PETR4), está cerca de 15% abaixo do preço de equilíbrio. Isso se a estatal ainda considerasse exclusivamente o PPI (paridade de preço internacional) como norte para a formulação dos preços.

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