Etanol derrubado deixa produtor de cana spot na mão, mesmo em safra de melhora cada vez mais parcial
Em localidades com maior concorrência pela cana do fornecedor este seria mais um período bom para a cana no spot.
Mais cana para quê? A de contrato e a cana própria das usinas dão conta.
A degringolada do etanol hidratado tratou de derrubar as perspectivas depois que gasolina empurrou os preços para baixo, empurrada que foi pelo novo ICMS dos combustíveis e reajustes da Petrobras (PETR4) seguindo o petróleo em queda.
A busca pela matéria-prima negociada à vista freou e evaporou a pressão de uma safra de recuperação parcial cada vez mais sendo tolhida.
Chegou-se a falar em safra do Centro-Sul em até 560 milhões de toneladas (525 milhões da anterior), mas os números depois de meses de seca já contam para 540 a 545.
Já houve até sinais da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e de alguns agentes de que a cana-de-açúcar de entrega contratual teve tentativa de algumas usinas em renegociarem. Money Times não obteve confirmação precisa com as fontes aqui ouvidas.
Mas, mesmo o comércio no spot tendo representação bem mais baixa no bolo, é sinal, também, de que se conseguissem convencer produtores independentes de cana a rasgarem os contratos, negociados a partir do índice de preços do Consecana -, as indústrias o fariam não fosse o “pacta sunt servanda ” (acordos devem ser cumpridos, em tradução livre), como lembra o presidente da Canasol, Luís Henrique Scabello de Oliveira.
Paulo Leal, presidente da Feplana, que reúne cerca de 60 canavieiros brasileiros, viu o valor do negociado de balcão da cana cair, em média, de R$ 220 para R$ 170 a tonelada.
O açúcar possibilita a arbitragem positiva sobre Nova York, mas também não avança muito acima dos 18 centavos de dólar por libra-peso. Há fatores como o consumo mundial em xeque, ante as grandes economias balançando, e a expectativa de que o Brasil vá compensar a queda dos preços do etano produzindo mais a commodity.
Só que a safra do Centro-Sul caminha para a reta final e nem todas as empresas conseguem virar a chave do mix, em proporção que despenque a níveis críticos, a produção do renovável, com o ciclo já nesta altura. E ainda há as mais etanoleiras por perfil industrial ou somente destilarias.
Scabello de Oliveira, da entidade dos produtores de Araraquara, tem identificado usinas que operavam “tolling” com outras “tiraram o pé das compras”. Essa é uma operação, grosso modo, na qual a unidade identifica a capacidade ociosa de outra e adquire a cana.
Eduardo Romão e Apolinário Pereira Jr., presidentes da Associcana e da AFCOP, respectivamente de produtores de Jaú e do Noroeste paulista, também vêm pressão sobre os produtores que deixaram cana livre sem contrato para essa temporada.
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