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Etanol derrubado deixa produtor de cana spot na mão, mesmo em safra de melhora cada vez mais parcial

31 ago 2022, 14:34 - atualizado em 31 ago 2022, 14:51
Cana de Açúcar
Queda de preço do biocombustível tirou apetite das usinas pela cana livre (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Em localidades com maior concorrência pela cana do fornecedor este seria mais um período bom para a cana no spot.

Mais cana para quê? A de contrato e a cana própria das usinas dão conta.

A degringolada do etanol hidratado tratou de derrubar as perspectivas depois que gasolina empurrou os preços para baixo, empurrada que foi pelo novo ICMS dos combustíveis e reajustes da Petrobras (PETR4) seguindo o petróleo em queda.

A busca pela matéria-prima negociada à vista freou e evaporou a pressão de uma safra de recuperação parcial cada vez mais sendo tolhida.

Chegou-se a falar em safra do Centro-Sul em até 560 milhões de toneladas (525 milhões da anterior), mas os números depois de meses de seca já contam para 540 a 545.

Já houve até sinais da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e de alguns agentes de que a cana-de-açúcar de entrega contratual teve tentativa de algumas usinas em renegociarem. Money Times não obteve confirmação precisa com as fontes aqui ouvidas.

Mas, mesmo o comércio no spot tendo representação bem mais baixa no bolo, é sinal, também, de que se conseguissem convencer produtores independentes de cana a rasgarem os contratos, negociados a partir do índice de preços do Consecana -, as indústrias o fariam não fosse o “pacta sunt servanda ” (acordos devem ser cumpridos, em tradução livre), como lembra o presidente da Canasol, Luís Henrique Scabello de Oliveira.

Paulo Leal, presidente da Feplana, que reúne cerca de 60 canavieiros brasileiros, viu o valor do negociado de balcão da cana cair, em média, de R$ 220 para R$ 170 a tonelada.

O açúcar possibilita a arbitragem positiva sobre Nova York, mas também não avança muito acima dos 18 centavos de dólar por libra-peso. Há fatores como o consumo mundial em xeque, ante as grandes economias balançando, e a expectativa de que o Brasil vá compensar a queda dos preços do etano produzindo mais a commodity.

Só que a safra do Centro-Sul caminha para a reta final e nem todas as empresas conseguem virar a chave do mix, em proporção que despenque a níveis críticos, a produção do renovável, com o ciclo já nesta altura. E ainda há as mais etanoleiras por perfil industrial ou somente destilarias.

Scabello de Oliveira, da entidade dos produtores de Araraquara, tem identificado usinas que operavam “tolling” com outras “tiraram o pé das compras”. Essa é uma operação, grosso modo, na qual a unidade identifica a capacidade ociosa de outra e adquire a cana.

Eduardo Romão e Apolinário Pereira Jr., presidentes da Associcana e da AFCOP, respectivamente de produtores de Jaú e do Noroeste paulista, também vêm pressão sobre os produtores que deixaram cana livre sem contrato para essa temporada.

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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