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Etanol: Demanda recorde sustenta preços do etanol na safra 2018/19

13 jan 2019, 18:30 - atualizado em 11 jan 2019, 20:53

Por Cepea – A safra 2018/19 foi marcada por produção e consumo recordes de etanol no estado de São Paulo, conforme indicam informações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Do lado da oferta, usinas direcionaram boa parte da cana-de-açúcar para produção do biocombustível. A demanda, por sua vez, esteve aquecida especialmente devido à maior competitividade do biocombustível frente à gasolina C.

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Dados do Cepea mostram que, no acumulado da safra 2018/19 (de abril até dezembro), o volume de etanol hidratado negociado por usinas paulistas foi 46,5% maior que o de igual período da temporada anterior (2017/18). Na primeira semana de dezembro/18, especificamente, foi negociado volume recorde, considerando-se toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2002. A quantidade comercializada no período foi 78% superior à da semana anterior e mais que o dobro da verificada no início de dezembro de 2017.

Quanto aos preços, de abril a dezembro/18, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado (estado de São Paulo) foi de R$ 1,6221/litro, alta de apenas 0,96% frente ao do mesmo período de 2017, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-M de dezembro/18). Para o etanol anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ teve média de R$ 1,7944/litro na parcial deste ano-safra, acréscimo de 0,83% em relação ao de abril/17 a dezembro/17.

No início da safra, usinas do estado de São Paulo, principalmente as descapitalizadas, precisaram acelerar as vendas de etanol, visando custear as elevadas despesas daquele período. Diante disso, os preços estiveram enfraquecidos nos primeiros meses de moagem, com movimento de recuperação sendo iniciado em setembro. Ainda assim, no balanço da safra 2018/19, os preços dos etanóis hidratado e anidro estiveram acima dos observados na anterior.

No geral, o movimento altista nos preços dos etanóis a partir de setembro também teve influência da política de precificação da gasolina A. Naquele período, os aumentos nos valores do combustível fóssil deixaram o etanol mais competitivo nas bombas, aquecendo ainda mais a demanda pelo biocombustível. Vale ressaltar que, nesta temporada, houve um número maior de negociação de etanol e de compras entre unidades produtoras (“originações”). Com isso, várias unidades produtoras chegaram a alugar espaço em tanques de outras usinas, aguardando o melhor momento da venda.

Com a recuperação do preço do etanol e com as fortes desvalorizações do açúcar nos mercados interno e externo, a relação entre os valores do biocombustível e do alimento se estreitou. No acumulado da safra 2018/19 (de abril/18 a dezembro/18), a paridade entre o açúcar cristal e o anidro ficou em 15%, contra 36% na temporada anterior; entre o alimento e o hidratado, caiu de 40% em 2017/18 para 19,4% em 2018/19. Na comparação entre os dois biocombustíveis, a relação ficou mais estável, em 4,4% na atual safra, contra os 4% na anterior.

  

NORDESTE – As chuvas nos primeiros meses do ano influenciaram positivamente a produção dos canaviais da safra 2018/19, iniciada oficialmente em setembro no Nordeste. De acordo com a Conab, a temporada deve somar 44,7 milhões de toneladas de cana, alta de 8,7% em relação à anterior. A produção de etanol está estimada em 1,7 bilhão de litros. Na entressafra (de abril/18 a agosto/18), foi observada a entrada de etanol hidratado dos estados do Centro-Sul, principalmente de Goiás, para o abastecimento da região. Já para o anidro, a importação do produto supriu a necessidade de demandantes daquela região.

PRODUÇÃO E MIX – De acordo com dados da Unica, foram processadas 557,08 milhões de toneladas de cana na região Centro-Sul na safra 2018/19 (de abril até a primeira quinzena de dezembro), volume 4% inferior ao do mesmo período do ano anterior. Até a primeira quinzena do último mês do ano, a produção de etanol hidratado atingiu 20,71 bilhões de litros, elevação de 44% quando comparado ao mesmo período de 2017. Já a produção de anidro caiu 15%, totalizando 9,07 bilhões de litros na parcial desta safra 2018/19.

Assim como no Centro-Sul, nos estados do Nordeste acompanhados pelo Cepea, o mix de produção da safra 18/19 também privilegiou o etanol. Dados divulgados pelo Sindaçúcar de Pernambuco (base do Mapa) indicam que, até 15 de novembro, foram produzidos 213,12 milhões de litros de etanol (anidro e hidratado) em Pernambuco, 184,46 milhões de litros em Alagoas e 233,23 milhões de litros na Paraíba.

PREÇOS RELATIVOS E CONSUMO – Nos postos, o preço relativo do etanol versus gasolina favoreceu o consumo do biocombustível praticamente ao longo de toda a safra em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, considerando-se a diferença de rendimento energético entre os dois combustíveis como sendo de 70%. Em alguns momentos, até mesmo no Paraná, Rio de Janeiro, Distrito Federal e na Paraíba (nos meses de safra de outubro a dezembro), o abastecimento com etanol se mostrou mais vantajoso.

A relação média entre o etanol e a gasolina ficou em 62,57% nos postos de São Paulo entre abril e dezembro. Foi o menor percentual desde 2010, quando a média para o mesmo período foi de 59,4%. Na temporada 2017/18 para o mesmo período, esse percentual foi de 68,66%, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES – De acordo com dados da Secex, no acumulado da safra 2018/19 (abril a dezembro), as exportações de etanol anidro e hidratado somaram mais de 1,4 bilhão de litros, alta de 23,76% ante 1,14 bilhão de litros em igual período da temporada anterior. Em receita, foram gerados ao Brasil US$ 723,8 milhões no período, 15,74% maior que no ano anterior.

As importações de etanol, por sua vez, somaram 1,12 bilhão de litros de abril a dezembro, volume 36,95% inferior ao do mesmo período da safra anterior (1,78 bilhão de litros). Do total importado, cerca de 81,64% (ou 915,9 milhões de litros) foram destinados às regiões Norte e Nordeste.

 

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