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Etanol de coco ou o processo para qualquer outra biomassa? Biotecnólogos da Ufes têm os dois

10 maio 2021, 14:42 - atualizado em 10 maio 2021, 15:19
Resíduo do coco verde pode virar etanol, mesmo que em escala pequena para consumo interno das empresas (Imagem: Pixabay)

Há mais de 10 anos, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) resolveram estudar a agregação de valor na destinação dos resíduos do coco. A preocupação era até mais ambiental. Hoje, além do etanol da casca, a instituição tem a patente do método, que pode ser aplicado à qualquer modelo de extração de biocombustível de qualquer outra biomassa.

O Laboratório de Biotecnologia Aplicada ao Agronegócio tem, portanto, dois negócios a oferecer, tentando encurtar o “famoso ‘vale’ entre a ciência e o mercado”, como diz o professor Alberto Fernandes, líder do trabalho agora reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), 10 anos após a solicitação do registro de patente.

Se alguma empresa processadora de coco quiser dar uma destinação rentável “às montanhas de casca que chegam a vários andares de altura”, está segura juridicamente com a patente agora requerida. “E pode produzir etanol para suas necessidades”, pensa Fernandes, que só vê potencial também para escala maior com sistema logístico adequado no litoral do Sudeste e Nordeste.

“No nosso processo de fabricação de etanol utilizando coco verde, conseguimos um rendimento de 12 gramas de etanol a cada cem grama de casca de coco moído”, conta.

E etanol de segunda geração, o 2G, já que está-se falando de biocombustível celulósico, da fibra da casca do coco, um processo que, mesmo na cana-de-açúcar, só se conhece duas unidades produtoras, a da GranBio e uma da Raízen.

Mas se também alguma produtora de etanol de cana de açúcar, ou de palha de arroz no Rio Grande do Sul – entre outros exemplos que não precisam ser de etanol 2G, inclusive -, quiser experimentar, pode também negociar com a Ufes a aplicação do processo, adicionando-o à metodologia tradicional em uso.

“Esta, sim, que foi a inovação”, assegura.

Pelo método de “pressão hidrostática”, acelerando a hidrólise enzimática, a equipe descobriu que há duas vezes mais liberação de açúcares na “quebra” da celulose, portanto gerando mais sacarização para a produção de bioetanol. Eficiência é a palavra que resume o método.

“Naturalmente que há muita coisa para ser testada na engenharia, ou seja, sabemos o que fazer em laboratório”, afirma o Alberto Fernandes, que compartilhou esses novos conhecimentos junto com a professora Patrícia Fernandes e a então doutoranda Érica Albuquerque.

No passado, lembra o professor, algumas empresas foram apresentadas ao método, mas as conversas não prosperaram, diante da aversão ao risco das empresas brasileiras, além do que a insegurança jurídica servia de barreira. Agora, com a patente, há a esperança de haja o interesse.

Só para ficar no exemplo do etanol da casca do coco, o titular do Programa de Pós-Gradução em Biotenlogia da Ufes argumenta que o descarte é um problema muito sério, uma vez que o resíduo contém polifenóis poluentes no composto. Isso, inclusive, dificulta até outras destinações utilitárias para a casca.