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Etanol: Alckmin sinaliza mistura em 30% na gasolina, com usineiros a ‘todo vapor’

19 jul 2023, 12:55 - atualizado em 19 jul 2023, 12:55
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Segundo especialista, o aumento da mistura no combustível implica em uma maior demanda pelo biocombustível, em especial o anidro (Foto: Unem/Divulgação)

A produção de etanol nas usinas do Brasil tem caído de forma considerável desde semana passada, e o principal fator para o recuo se deve a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul.

Na semana passada, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a paridade entre o biocombustível e a gasolina caiu para 67,9% em São Paulo, e assim, ela se mantém abaixo de 70% desde o início de junho.

No entanto, o destaque da semana para o setor fica para fala do presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, que defendeu a elevação do teor de etanol na gasolina de 27,5% para 30%, durante encontro com representantes do setor sucroenergético de São Paulo.

Para entender os fatores que impactam os usineiros, o setor e o consumidor final, o Agro Times conversou com Marcelo Di Bonifácio, analista de açúcar e etanol na StoneX.

Aumento da mistura na gasolina

De acordo com o analista, as usinas de cana vão se deparar com uma necessidade de produzir mais etanol com um possível aumento da mistura, uma vez que a demanda pelo etanol anidro vai crescer.

“Por outro lado, o crescimento do etanol de milho pode ocupar esse espaço, com menores necessidades de expansão do etanol para usinas de cana. Na prática, você tem dois movimentos opostos para o que pode ser o mix produtivo das usinas caso haja essa mudança ocorra”, explica.

Na visão de Di Bonifácio, a medida tende a ser positiva para as usinas, principalmente para um setor que vem sofrendo há meses sob preços baixos. Ou seja, o anidro pode ser um mercado com potencial de compensar ainda mais as perdas recentes do hidratado.

Preços do etanol

Os preços nas usinas continuam em uma trajetória mais baixista, por conta da elevação de oferta no Centro-Sul.

A moagem de cana deve registrar crescimento na primeira quinzena de julho, assim como a produção do etanol hidratado. Nesse patamar, as usinas devem ter uma maior demanda pelo hidratado.

“O que tem sido observado também é que o etanol na bomba caiu em um ritmo menor do que a queda na usina, e isso pode ser um sinal de retenção de margem pela cadeia do álcool (distribuidoras e postos) algo natural. Ou seja, ainda há espaço pra queda na bomba, seja pelo lado das distribuidoras, ou caso as usinas cedam ainda mais.

Análise do mercado para as Usinas

Para o analista da StoneX, as usinas podem perdem ainda mais margens no curto prazo para buscar maiores níveis de consumo, caso o restante da cadeia (distribuidoras e revendedoras) não diminuírem os preços finais no contexto atual de precificação na usina.

“Apesar disso, o preço líquido do hidratado em Ribeirão Preto (SP) é o menor desde setembro de 2022, e isso tende a dar menor margem para usinas baixarem ainda mais. Agora, com a paridade na bomba abaixo de 70% há longos dias, a demanda deve crescer, e deve permanecer fortalecida nesse pico da safra de cana que manterá a oferta elevada do etanol e, assim, também vai manter os preços baixos”, conclui.

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