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Etanol 2G da GranBio já pode entrar na UE mesmo antes da certificação do RenovaBio e do IPO

28 abr 2021, 8:43 - atualizado em 28 abr 2021, 12:05
Granbio
Cana energia, desenvolvida pela GranBio, mas que anda não a usa em sua unidade de etanol 2G (Imagem: Divulgação/Granbio)

Antes de ir para a bolsa de valores e ser certificada no RenovaBio, a Usina Bioflex já poderá exportar etanol para a Europa, ainda em 2021, e participar do mercado de carbono por lá. A unidade atende por GranBio, grupo controlado pelos Gradin.

Também conhecida por pioneira na produção de etanol de segunda geração, o 2G – extraído do bagaço e palha da cana -, é esse o único biocombustível que a companhia produz, num arco de produtos biotecnológicos que passa pela biomassa e alcança a nanocelulose e bioquímicos para várias finalidades.

A chancela dada pela Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB), autorizada pela União Europeia (UE) a certificar empresas que atendam o conjunto de normas da comunidade (RED II), dá a chance de a GranBio retomar conversas mais comerciais com importadores.

Contatos já haviam sido feitos, mas faltava o status agora conferido, informa Júlio Espírito Santo, gerente de Biotecnologias. Numa região onde as exigências na mitigação dos gases efeitos estufa são severas, especialmente de fornecedores globais que compensem o pouco que as empresas locais possam fazer, a menor pegada de carbono do 2G, na comparação com o etanol 1G (o convencional), abre definitivamente as portas.

Nesse momento, por exemplo, a unidade de São Miguel dos Campos, em Alagoas, não está em atividade. É entressafra no Nordeste. E também a Bioflex dificilmente, num futuro próximo, conseguirá atingir a capacidade de seu layout, que Espírito Santo fala em 30 milhões de litros em um período de 11 meses.

A safra nordestina é curta, de setembro a março, quando muito, e recheada de problemas climáticos. Na recém concluída temporada, a indústria não chegou à meta esperada de 2,5 a 3 milhões de litros mensais, “por problemas externos”, garante o executivo.

Mas não haveria dificuldade em atender o mercado externo em caso dessa demanda começar a chegar, no próximo ciclo ou nos outros, mesmo que a homologação para o RenovaBio aconteça até o final de 2021 e a empresa possa ser remunerada com a venda de Crédito de Descabornização (CBio).

Ele não fala, mas naturalmente que a GranBio desviaria parte do que fica no mercado interno.

Afinal, o 2G é mais caro de ser produzido e, no Brasil, é vendido a preço de etanol convencional, apesar de Júlio Espírito Santo afirmar que o custo de produção do produto – também não comentado – é pouca acima do verificado no outro. A empresa e os parceiros fornecedores, como a produtora de enzimas Novozymes, dominam os processos da fabricação com mais desenvoltura, que faltam há muitas outras companhias.

Junto com a GranBio, o mercado só conhece a Raízen no 2G, que começou mais tarde nesse negócio.

O curioso nessa história, para quem não é do setor, é que a GranBio, em uma de suas pernas, desenvolveu e comercializa a chamada cana energia, unha e carne do 2G. Mas só no Centro-Sul.

Por ser maior, a matéria-prima oferece mais biomassa (bagaço e palha). Ainda não é produzida pelos seus fornecedores alagoanos.

Nascida biotecnológica e, portanto, voltada para operar no mercado de renováveis, vale destacar que as operações do campo à indústria, em bioenergia, “conversam” com o resto do portfólio da companhia. Limpando os detalhes técnicos, tudo sai da mesma “rota química e biológica”, segundo o biotecnologista da GranBio.

Dito isto, a customização do conhecimento à finalização dos produtos entra no caixa.

Na nanocelulose, tecnologia que está revolucionando os materiais, a planta-piloto da Georgia, nos Estados Unidos, já extrai 500 toneladas anuais. E deverá avançar para escala comercial.

Desde 2011 até o momento, o grupo já investiu R$ 1,5 bilhão.

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O IPO

Em 2019, o Ebitda foi de R$ 113,5 milhões.

A companhia fundada por Bernardo Gradin, ex-acionista (com a família) e ex-presidente da Braskem (BRKM5), braço petroquímico da Odebrecht, após uma longa disputa jurídico-comercial que acabou em acordo, ainda antes da Operação Lava-Jato alcançar o grupo, não divulgou o balanço de 2020.

Deverá fazê-lo proximamente, até porque a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) deverá acontecer no segundo semestre.

Mas não será um IPO ‘tão público’ assim. Depois de pedir o registro em outubro do ano passado, a GranBio desistiu do modelo padrão (normativa 400) e registrou o pedido de oferta restrita, como antecipou Money Times em 19 de janeiro.

Pela normativa 476, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as obrigações de empresa listada são mais flexíveis e os papéis são ofertados apenas para 75 dos chamados investidores profissionais (mínimo de R$ 10 milhões).

Em Central dos IPOs, estão disponíveis as informações atualizadas do mercado, mediante as notificações oficiais das empresas.