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Estudo identifica gastos de gigantes em sites de notícias falsas

08 jul 2020, 12:25 - atualizado em 08 jul 2020, 12:25
AMZN Amazon
Os dados excluem serviços de redes socias e de vídeo online, portanto, o total real é provavelmente muito maior (Imagem: Reuters/Mike Segar)

Pelo menos US$ 25 milhões de plataformas de publicidade digitais operadas pelo Google, Amazon.com e outras empresas de tecnologia irão neste ano para sites que divulgam informações errôneas sobre a Covid-19, de acordo com estudo divulgado na quarta-feira.

As plataformas do Google responderão por US$ 19 milhões, ou US$ 3 de cada US$ 4 que os sites de desinformação geram em receita publicitária.

A OpenX, uma distribuidora de anúncios online de menor porte, responde por cerca de 10% do dinheiro, enquanto a tecnologia da Amazon opera cerca de US$ 1,7 milhão, ou 7%, dos gastos com marketing digital que esses sites receberão, segundo o grupo de pesquisa Índice Global de Desinformação (GDI, na sigla em inglês).

O GDI divulgou as estimativas em um estudo que analisou anúncios publicados entre janeiro e junho em 480 sites em inglês identificados como editores de informações errôneas sobre vírus. Alguns anúncios eram de marcas como a gigante de cosméticos L’Oreal, o site de móveis Wayfair e a empresa de tecnologia de imagem Canon.

Os dados excluem serviços de redes socias e de vídeo online, portanto, o total real é provavelmente muito maior.

“Este relatório é falho, pois não define o que deve ser considerado desinformação, nem seus cálculos de receita são transparentes ou realistas”, disse um porta-voz do Google.

“O Google possui políticas rígidas de editores criadas para impedir a monetização de conteúdo prejudicial, perigoso e fraudulento. Também continuamos a adotar uma abordagem agressiva para o conteúdo sobre a Covid-19 que faz com que alegações médicas prejudiciais sejam contrárias às diretrizes das autoridades globais de saúde.

Aplicamos vigorosamente nossas políticas e bloqueamos a veiculação de anúncios em cinco dos artigos compartilhados por violar nossas políticas.”

Governos e autoridades de saúde ainda estão aprendendo sobre o vírus, e isso permitiu que a desinformação circulasse online. Gigantes do Vale do Silício prometeram combater essas fontes, e o Google, da Alphabet, removeu anúncios de sites que violam suas políticas. No entanto, o GDI acredita que essas plataformas precisam fazer mais para limitar a disseminação de informações erradas.

“A diferença entre o que as empresas dizem publicamente sobre sua dedicação para não monetizar discursos de ódio e conteúdo nocivo, especialmente em torno da pandemia, não está de acordo com o que nossos dados estão dizendo sobre o que realmente está acontecendo”, disse Danny Rogers, cofundador do Índice Global de Desinformação.

Em anúncio veiculado em 19 de maio pela Amazon, um produto da L’Oreal foi promovido no Americanthinker.com ao lado de um artigo intitulado “As grandes farmacêuticas estão suprimindo a hidroxicloroquina?”

No início deste mês, o Google veiculou um anúncio da Bloomberg News no site Bigleaguepolitics.com, de acordo com relatório do GDI.

O Índice Global de Desinformação, um grupo de pesquisa com sede no Reino Unido, fornece classificações de risco de desinformação em sites de mídia do mundo todo. O GDI disse que apresentou ao Google, Amazon e OpenX as últimas descobertas de seu relatório e nenhuma das empresas de tecnologia havia dado uma resposta formal.

O grupo atualiza sua pesquisa semanalmente e frequentemente informa empresas de tecnologia quando suas plataformas colocam anúncios em sites de informações errôneas.

O grupo de pesquisa divulga essas informações, em parte, como uma maneira de alertar anunciantes quando seus anúncios de marketing aparecem nesses tipos de site. Essas marcas podem ajudar ao retirar anúncios de plataformas de tecnologia quando identificam problemas como esse, disse Rogers.