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Estrela de hedge fund da BlackRock ganha mais do que CEO

29 out 2021, 13:00 - atualizado em 29 out 2021, 16:30
Blackrock
Desde o lançamento, os ganhos do fundo correspondem a mais do que o triplo de outros hedge funds (equivalentes a fundos multimercado) de ações com estratégia comprada e vendida  (Imagem: Facebook/Blackrok)

Alister Hibbert é um dos segredos mais bem guardados da BlackRock.

Ele é o gestor cujo hedge fund enriqueceu a empresa, seus clientes e a si mesmo com um ganho de cerca de 370% na última década.

O nome de Hibbert raramente é mencionado entre as paredes da maior gestora de ativos do mundo, e muitos funcionários nem sabem quem é ele.

Isso mesmo depois de o fundo administrado por Hibbert ganhar quase metade das taxas de desempenho recordes da BlackRock no ano passado, segundo cálculos da Bloomberg.

Várias pessoas que o conhecem, entre elas investidores, dizem que Hibbert, de 51 anos e que trabalha em Londres, costuma ser o funcionário mais bem pago da empresa no mundo todo.

Só no ano passado, ganhou uma soma de nove dígitos, mais do que o triplo da remuneração de US$ 30 milhões do CEO Larry Fink, de acordo com estimativas da Bloomberg e dessas pessoas, que pediram para não serem identificadas.

Hibbert administra o BlackRock Strategic Equity Hedge Fund, cujos ativos cresceram para quase US$ 9 bilhões com apostas a favor e contra empresas americanas e europeias.

Desde o lançamento, os ganhos do fundo correspondem a mais do que o triplo de outros hedge funds (equivalentes a fundos multimercado) de ações com estratégia comprada e vendida (a chamada long-short), muitos dos quais agora enfrentam uma crise existencial por não acompanharem o maior mercado altista da história.

É uma rara oportunidade de observar o papel que alguns seres humanos ainda desempenham em uma empresa cuja estratégia de vanguarda em investimentos de rastreamento de índices há mais de uma década a transformou em uma gigante que supervisiona quase US$ 10 trilhões.

BlackRock e Hibbert não quiseram comentar. Detalhes sobre remuneração, estilo de investimento e histórico são baseados em suas newsletters, uma apresentação de fundos enviada a clientes e entrevistas com pessoas que o conhecem ou investem com ele.

A diferença salarial entre Hibbert e seu poderoso chefe mostra o poder de remuneração dos hedge funds no mercado de fundos mútuos: ele recebeu o maior salário da BlackRock, apesar de administrar uma fatia dos ativos.

Embora Fink ainda seja um dos CEOs mais bem pagos em gestão de ativos e possua uma participação na empresa que o tornou um bilionário, gestores de hedge funds tradicionalmente governam Wall Street quando se trata de remuneração.

Os 15 gestores de hedge funds com maior remuneração no ano passado ganharam cerca de US$ 23,2 bilhões juntos, de acordo com uma lista anual compilada pela Bloomberg.

A divisão também demonstra que a BlackRock, conhecida por seu foco a laser em custos e margens, entende que, para impedir que os principais talentos migrem para gestoras rivais como Citadel ou Point72 Asset Management – ou lancem fundos próprios – a empresa tem que seguir os padrões da indústria.

A perda de uma máquina de comissões como Hibbert poderia prejudicar os esforços da empresa para expandir seu negócio de hedge funds.

Hibbert recentemente deixou de administrar dois outros grandes fundos da BlackRock para se concentrar em seu hedge fund muito mais rentável.

Desde que chegou à empresa em 2008, administrou os fundos European Dynamic e Continental European Flexible, cujos ativos combinados aumentaram para mais de US$ 18 bilhões.

Foi em 2011 que iniciou a estratégia mais sofisticada com apenas US$ 13 milhões e, após apostas bem-sucedidas incluindo posições de longo prazo no Facebook e Alphabet, dona do Google, silenciosamente se tornou uma das maiores máquinas de dinheiro da BlackRock.

A história, é claro, não é garantia de lucros futuros.

Este ano, Hibbert mal ganhou dinheiro em meio a temores da inflação que pesaram sobre seus investimentos em segmentos de crescimento.

Ele demorou a responder em novembro do ano passado, quando o aumento das taxas globais de vacinação provocou uma onda de vendas entre empresas consideradas em risco à medida que as economias emergiam dos lockdowns. Clientes dizem que Hibbert ainda acredita que a inflação será transitória, mesmo com as ações de crescimento sob pressão.