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Estrangeiros injetam R$ 8,9 bilhões na bolsa brasileira; veja as empresas preferidas dos gringos

06 mar 2025, 10:51 - atualizado em 06 mar 2025, 10:51
b3 ações empresas gringos
Segundo a XP, a percepção geral dos investidores americanos sobre a bolsa brasileira é mais construtiva do que em outubro de 2024. (Imagem: Money Times/Diana Cheng)

Os investidores estrangeiros injetaram mais de R$ 8,7 bilhões na bolsa brasileira nos dois primeiros meses do ano. De acordo com dados da B3, as entradas em fevereiro somaram R$ 1,876 bilhão, embora no dia 28 tenha ocorrido uma retirada de R$ 1,029 bilhão, às vésperas do Carnaval.

Os estrategistas da XP destacam que, em encontros com investidores dos Estados Unidos, a percepção geral sobre a bolsa brasileira é mais construtiva do que em outubro de 2024. Fernando Ferreira, Felipe Veiga, Júlia Aquino e Lucas Rosa também apontam que a visão dos investidores estrangeiros sobre o Brasil é mais positiva do que a dos investidores locais.

Entre os principais fatores que sustentam esse otimismo estão os preços atrativos dos ativos, fundamentos microeconômicos sólidos e a expectativa de um potencial catalisador em 2026.

“Muitos investidores nos disseram que não têm pressa em aumentar sua exposição ao Brasil no momento e preferem aguardar momentos de volatilidade para fazê-lo. Os fluxos de estrangeiros na bolsa brasileira em 2025 corroboram essa visão”, afirmam os estrategistas em relatório.

Apesar da correção do mercado em fevereiro, a avaliação é de que as ações brasileiras ainda registram uma valorização de 9,4% em dólares no acumulado do ano, superando o desempenho das ações globais (+1,9%), da Europa (+16%), de Hong Kong (+17%), dos mercados emergentes (+6,3%) e do S&P 500 (-0,6%).

Segundo os analistas, há uma rotação regional em curso, com os EUA ficando para trás após vários anos de desempenho superior. “Esse desempenho inferior favorece ativos fora dos EUA, que dominaram os portfólios por vários anos”, destacam.

Os sólidos fundamentos microeconômicos, aliados a preços atrativos e a um potencial catalisador à frente, sustentam o otimismo. No entanto, espera-se um cenário de volatilidade, o que pode abrir oportunidades para aumentar a exposição ao Brasil a preços favoráveis.

No radar dos investidores também estão as eleições na América Latina, especialmente após o rali da Argentina. Colômbia e Chile têm passado por um movimento semelhante, em antecipação aos pleitos presidenciais marcados para 26 de maio e 25 de novembro, respectivamente.

“No Brasil, as eleições foram tema recorrente em 100% das nossas reuniões, e os investidores as enxergam como um evento crucial no horizonte. No entanto, a maioria concorda que ainda é cedo para operar o cenário eleitoral 18 meses antes do pleito. Nosso estudo mostra que o ‘trade de eleições’ geralmente se intensifica entre 12 e 14 meses antes e se torna mais evidente nos seis meses que antecedem a votação”, afirmam os analistas.

As ações favoritas dos estrangeiros na América Latina

Entre as empresas da região, o Mercado Livre segue como a preferida dos investidores estrangeiros, enquanto o Nubank ocupa a segunda posição. No entanto, houve um movimento de redução de posições antes ou logo após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024.

No último trimestre, o Nubank reportou um lucro líquido de US$ 552,6 milhões, alta de 85% em relação ao mesmo período de 2023. O lucro ajustado somou US$ 610 milhões, um avanço de 87%.

“Outras ações frequentemente mencionadas em discussões e portfólios incluem Petrobras, Itaú, BTG, XP, Sabesp (com algumas menções a ELET3), WEG, Embraer e Localiza. Também observamos um interesse crescente em construtoras, como Cyrela e Cury“, apontam os analistas.

No que se refere à alocação setorial e de estilo no Brasil, os investidores americanos demonstram preferência por ações de maior capitalização, alta liquidez e com viés para qualidade e defensividade.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.