Estoques globais de café certificado caem e acentuam queda da oferta do arábica convencional
Em condições normais, como na entressafra brasileira, recorrer aos estoques de passagem de café não é motivo para fortes preocupações dos torrefadores mundiais. Mas quando há uma busca mais acelerada pelos estoques de cafés arábicas certificados é sintoma de que a escassez fica mais acentuada e compradores buscam até os produtos mais caros.
Melhor para os preços negociados em bolsa.
É o caso visto atualmente, avisa Jânio Zeferino, consultor da AgroEasy. Os inventários registrados na ICE Futures (Nova York), até ontem, estavam em 1,951 milhões de sacas, uma queda de quase 6%. A maioria concentrado em Antuérpia.
E o principal produtor originador de café certificado, a Honduras, também vem em baixa, acima de 5%.
Esses recuos são regulares, desde a pandemia se alastrando pelo mundo, e reforça o contexto de aumento do consumo doméstico, diz Zeferino. Quando se imaginava que as quarentenas pelo mundo, fechando cafeterias, bares e restaurantes, puxariam as quedas da oferta mundial – já esperadas antes da crise, do Brasil à Colômbia – foi anulado pelo excesso de consumo nas casas.
Um dado bastante convencional no mercado, segundo Marcus Magalhães, CEO da Marus Corretora e da MM Cafés, é que nas lojas e supermercados o consumidor compra no mínimo 250 gramas. Na rua, a média para bebedores é de um a dois cafés diários para ‘viciados’. Ele também concorda com essa justificativa para o reforço dos preços atualmente em Nova York.
Jânio Zeferino vê o aumento do consumo doméstico significativo na Europa, onde as restrições de circulação são extremadas, e no Estados Unidos, pelo gigante e tradicional consumo per capita do país.
Cotações
Motivados por esses fundamentos, mais o dólar valorizado por aqui, os valores na ICE ficaram em duas altas seguidas.
Nesta quarta, em base de realização de lucro, os contratos futuros tiveram uma perda residual de 0,10% no maio (US$ 119,80) e de pouco mais na tela de julho, que fechou em US$ 120,90.