Colunista Vitreo

Estender a extensão estendida: o que é preciso para operar nesta sexta-feira

29 out 2021, 10:07 - atualizado em 29 out 2021, 10:07
Sob artilharia pesada de várias direções / Piratas do Caribe: No Fim do Mundo (2007)

Oportunidades do Dia

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Bom dia, pessoal!

Em dia de mais apresentações sobre atividade econômica, com PIB da Zona do Euro e de outras regiões, as Bolsas no velho continente amanhecem de mau humor, apesar da proximidade com a estabilidade em alguns casos.

A depender dos resultados corporativos e dos dados econômicos, podemos ter uma mudança de cenário para esta sexta-feira (29) – já pela manhã, o PIB francês do terceiro trimestre foi mais forte do que o esperado, mas não foi o suficiente.

Os mercados asiáticos recuam hoje, apesar dos sinais de otimismo na economia global, incluindo as altas recentes em Wall Street.

Repercute a inflação dos preços ao consumidor no Japão em outubro de Tóquio, que foi quase positiva, mas foi substancialmente mais baixa do que o esperado (o país suspendeu as restrições à sua economia no final de setembro, mas a demanda local não está elevando os preços).

Ontem (28), os índices de ações dos EUA subiram mais uma vez para seus respectivos recordes, com os investidores parecendo ignorar as preocupações com a desaceleração e a inflação enquanto a economia se recupera da pandemia. Nesta manhã, os futuros de ações dos EUA se ajustam, com quedas.

No Brasil, repercute a pesada agenda de resultados de quinta-feira à noite, quando mais de 20% do Ibovespa reportou seus números (Petrobras e Vale).

A ver…

Ao som dos canhões

Infelizmente, as condições para uma alta hoje são tímidas.

Além de um internacional pouco apetitivo, os números da Vale vieram levemente abaixo da expectativa, o que poderá gerar mal-estar no mercado hoje, situação somada ao risco renovado de interferência na Petrobras – apesar de reverter prejuízo e antecipar quase R$ 32 bilhões em dividendos, foi estranha a provocação de Bolsonaro ontem, em live, de que haveria novo debate sobre o preço dos combustíveis.

Segundo o presidente: “A Petrobras tem que ser uma empresa que não dê um lucro muito alto como tem dado” e “ninguém entende preço do combustível estar atrelado ao dólar”. Seria cômico se não fosse trágico.

No after hours de Nova York, as ADRs da petroleira chegaram a cair mais de 4%, o que contrata uma correção para hoje, mesmo com os amortecedores do bom resultado.

Além disso, circula no mercado um novo entendimento de Brasília sobre os planos do governo para ampliar o Bolsa Família ou prorrogar o auxílio emergencial.

Como se não bastasse um aperto monetário mais agressivo do que pensávamos, que levará a Selic a dois dígitos no ano que vem, mais bomba fiscal pode vir.

O problema do mercado não é o governo ou o Congresso, mas a falta de transparência e de previsibilidade.

Tanto é verdade que nem um Copom mais “hawkish” foi o suficiente para amenizar o movimento da moeda americana ontem, que subiu 1,26%, para R$ 5,6253.

Agora, a curva de juros está se transformando em uma reta, castigando a Bolsa. Isso tudo em um ambiente no qual o Tesouro consegue superávit primário de R$ 15,347 bilhões em setembro ante agosto (no ano, até setembro, o déficit alcança R$ 82,486 bilhões). Dura realidade.

Há saída possível que seja favorável para os ativos brasileiros? Sim, há. Mas as probabilidades ficam cada vez menores a cada dia que passa.

É necessário que a chance de um novo estado de calamidade pública seja dispensada e que a PEC dos Precatórios seja logo votada (foi postergada mais uma vez).

Até um plano B está sendo desenhado nos bastidores, como o uso de crédito extraordinário, mas nada disso adianta se o governo não ancorar as expectativas novamente, depois de dispensar a âncora fiscal do teto de gastos.

Modestos US$ 1,75 trilhão

Os investidores continuaram seguindo a avalanche de divulgações de resultados corporativos, durante o pico da temporada do terceiro trimestre.

Os resultados têm superado as previsões por uma larga margem, já que a maioria das empresas tem se mostrado capaz de navegar por um período de custos crescentes e desafios da cadeia de suprimentos.

Então qual foi o problema ontem?

A economia do terceiro trimestre, que ficou aquém das expectativas, com a primeira estimativa do produto interno bruto dos EUA para o período de julho a setembro indicando crescimento a uma taxa anualizada com ajuste sazonal de 2,0%, abaixo do consenso de 3,5% e com crescimento significativamente mais lento do que o de 6,7% no 2T21.

O fato de o PIB do terceiro trimestre desacelerar acentuadamente em relação aos trimestres anteriores não foi uma surpresa, na verdade.

Isso porque um aumento repentino dos casos de Covid-19 da variante Delta pesou na recuperação dos gastos com serviços, enquanto os problemas do lado da oferta para empresas e consumidores atrasaram a produção e o consumo (mais sobre isso abaixo).

A boa notícia é que, em Washington, o governo Biden publicou detalhes de uma nova estrutura para o projeto de lei de gastos sociais dos democratas, agora totalizando cerca de US$ 1,75 trilhão – ainda gigantes, apesar de abaixo dos US$ 3,5 trilhões inicialmente contemplados.

Para pagar pelos gastos, o texto propõe um imposto mínimo de 15% sobre as empresas com mais de US$ 1 bilhão em lucros e adicionaria uma sobretaxa de 1% sobre as recompras de ações corporativas.

Além disso, os contribuintes que ganham mais de US$ 10 milhões por ano teriam que pagar uma alíquota de 5% e uma sobretaxa adicional de 3% sobre as rendas acima de US$ 25 milhões.

Todos os caminhos levam a Roma

Os democratas correram para obter as linhas gerais de seu plano antes de o presidente Joe Biden partir para a reunião do G-20 em Roma, na quinta-feira, e antes do fim das eleições para governador em Virgínia e Nova Jersey, na terça-feira que vem.

Apenas recapitulando, ocorre neste sábado e domingo a Reunião de Cúpula do G20, na Itália. Adicionalmente, ainda do outro lado do Atlântico, a cúpula do clima das Nações Unidas em Glasgow ocorre após as negociações do G20 em Roma no fim de semana, o que pode levar a decisões sobre as metas climáticas.

Por enquanto, não há necessidade de ficar animado de imediato, até mesmo porque as reuniões presenciais do G20 apenas emitem declarações pré-acordadas, algo como uma formalização de diplomacia entre nações.

Contudo, em se tratando de temas como inflação verde, transição energética e taxação global, ficaríamos atentos a eventuais surpresas.

Anote aí!

O dia lá fora é recheado de dados de PIB, como da zona do euro e de vários países da Europa, além de dados da inflação do PCE nos Estados Unidos, que é amplamente considerado como um “leading indicator” (indicador econômico relevante) mais forte para a política monetária americana do que a inflação ao consumidor por levar em conta mudanças no padrão de consumo.

As fontes de estresse pressionam o exterior, o que poderia inviabilizar uma alta pujante no Brasil.

Por aqui, vale acompanhar a temporada de resultados, com a digestão dos números de ontem à noite e mais outros tantos a serem apresentados hoje.

Adicionalmente, quanto à agenda de dados, o Banco Central divulga o resultado das contas do setor público consolidado de setembro, bem como a Aneel decide a bandeira tarifária para o mês de novembro.

Muda o que na minha vida?

Não é segredo para ninguém que os dados macroeconômicos recentes dos Estados Unidos, apesar de ainda de certa forma robustos, começam a nos preocupar.

Se avaliarmos direitinho, mesmo em meio à reabertura e ao maior estímulo fiscal e monetário da história recente, e com todos os possíveis ventos favoráveis das decisões de política, a confiança do consumidor despencou para o nível mais baixo desde 2016.

Para piorar, as vendas no varejo caíram acentuadamente mais uma vez em julho, e os dados de emprego ou produção industrial são muito mais do que decepcionantes, considerando o nível de estímulo e que o PIB voltou ao nível pré-pandêmico.

A utilização da capacidade industrial, em 76%, está 4% abaixo da média para o período de 1972-2020, e a taxa de participação no trabalho, de 61,6%, se estagnou há dez meses e nos níveis de 1980, bem como a taxa de poupança total como porcentagem da renda disponível, que foi de 33,8% para 9,4%.

O importante é entender que, do ponto de vista do investidor, provavelmente já ultrapassamos o pico de recuperação e os setores mais cíclicos já estão descontando o momento de desaceleração, como o que vimos no PIB de ontem.

Vamos colocar isso no contexto de uma reabertura que já existe há mais de um ano, um estímulo fiscal equivalente a US$ 3 trilhões e um estímulo monetário trilionário em 2021.

Os Estados Unidos entrariam em uma severa recessão se não fossem os esteroides fiscais e monetários na economia.

Por isso são tão importantes os dois pacotes de estímulos de Biden para os próximos anos, pois poderão dar sustentação econômica para o crescimento corporativo, o que poderia seguir impulsionando as Bolsas americanas e o crescimento global.

Um abraço,

Jojo Wachsmann

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