Este gestor bateu o Ibovespa com small caps; veja 6 ações do portfólio
As small caps, empresas que reúnem pouco valor de mercado e muito potencial de valorização, foram as que mais sofreram com a disparada dos juros.
Se o Ibovespa cai 7,8%, o Índice Small Caps derrete 20%. Com pouca liquidez e penalizadas pela economia ruim, essas ações são afetadas pela retirada em massa de fundos. Porém, uma gestora em particular conseguiu bater não só o SMALL como o IBOV: a Organon, de Raphael Maia.
O gestor foi o terceiro convidado do podcast Market Makers, produzido por Thiago Salomão e Renato Santiago em parceria com a Empiricus (controladora do Money Times).
Segundo dados disponíveis no site da gestora, em 2022, o fundo acumula perda de 3,21%, contra 7,89% do Ibovespa. Apesar disso, Maia afirma que o benchmark é o IPCA+.
Desde o início, em 2013, o fundo rendeu 837%, contra 70,29% do principal índice da bolsa brasileira.
“O Brasil possui poucas blue chips e muitas small caps. A indústria ficou com um patrimônio grande, então as empresas grandes são mais cobertas e as pequenas ficam largadas. É mais fácil ter assimetria de valor, tem mais oportunidades”, justifica.
Para modelar o investimento, a gestora define small caps como empresas abaixo de R$ 10 bilhões em valor de mercado.
Apesar disso, a Organon não investe única e exclusivamente em empresas menores. Blue chips (companhias de grande capitalização) também têm espaço, mas é preciso que “a assimetria esteja gritando”.
Veja o episódio na íntegra:
Blue chips
Entre essas gigantes, Maia destaca a Braskem (BRKM5), empresa que disparou mais de 60% no ano passado e liderou as altas do Ibovespa em 2021.
“Quando entramos em Braskem, no início de 2021, nós vimos o ciclo melhorando. Duas questões importantes se encaminharam: o acidente geológico em Alagoas e a questão do México, que tinha um problema de suprimentos de gás. O resultado da Braskem melhorou muito desde então”, argumenta.
Ele afirma, no entanto, que já diminuiu bastante o investimento na companhia.
Outra empresa investida foi a Tim (TIMS3), mas essa posição já foi liquidada.
“A Tim tinha uma história interessante, com a compra da Oi Móvel. Era um dos menores carregos da carteira. Dificilmente você vai encontrar muito retorno em uma empresa de telecom, mas o risco é menor”, completa.
As small caps de destaque do portfólio
Dentre as empresas com maior participação no fundo está a Marcopolo (POMO4). Presente no portfólio desde 2018, a encarroçadora de ônibus acumula queda de 15% no ano. Apesar disso, Maia continua enxergando grande potencial na ação.
“Reduzimos a posição durante 2020 por conta da pandemia. Sabíamos que seria difícil, já que houve uma queda de circulação de pessoas muito forte. Mas a tese não mudou. A frota comprada no ciclo de 2012-2014 envelheceu e precisava de renovação”, argumenta.
Para ele, a demanda está voltando, ainda que a crise do setor automobilístico, com a falta de suprimentos e chips, tenha atrapalhado a companhia gaúcha.
“O ano é de mudança de motorização do Euro V para o Euro VI, então você pode ter um aumento de demanda. O programa Caminho da Escola, que fornece ônibus para o governo, também será relevante para Marcopolo, com o fornecimento de até 3 mil ônibus, o que deve representar uns 20% da receita. A geração de caixa operacional pode triplicar”, diz.
Se tudo der certo, prevê, a empresa estará negociando a 5 vezes o lucro para o ano que vem. Hoje, está em 8 vezes. “E já é maior que foi no ano passado”, completa.
Outro papel do setor de bens de capital, a Tupy (TUPY3) também possui 15% de participação no fundo. Maia lembra que a companhia passou por uma consolidação no setor com aquisições, como a MWM, adquirida por R$ 865 milhões em abril deste ano.
“Ela passou a ter uma dominância grande no segmento de blocos de motores pesados. Enquanto as montadoras desinvestiram a fundição, a Tupy investiu. Vemos a empresa concentrando boa parte dessa oferta de blocos de motores. É um produto importante, mas com custo pequeno”, observa.
O gestor diz ainda que a dinâmica de investimentos nos próximos anos ficará muito favorável para Tupy.
“Consolidar uma indústria que não cresce te dá poder de barganhar o preço. Dá mais dependência das montadoras com a Tupy“, completa.
Veja o episódio na íntegra:
Outras empresas
Durante o episódio, Maia citou a Mangels, que produz manufaturados de aço e alumínio, cuja tese é a desalavancagem.
“A empresa tem mais de R$ 600 milhões de dívidas e R$ 80 milhões em valor de mercado. A ideia é que ela vá pagando essa dívida e, consequentemente, que o valor da ação cresça ao longo do tempo”, anota.
No caso da Tegma (TGMA3), o gestor diz que a companhia possui um retorno sobre o capital bem alto e está pagando 7 vezes o lucro, com 14-15% de retorno sobre o caixa operacional em relação ao preço da ação.
“Temos um excelente carrego, boa parte do caixa distribuído em forma de dividendos. Estamos levando de graça a melhoria em relação ao setor automotivo, que em algum momento vem. É um ativo cíclico que compramos na baixa”, relata.
E, por fim, Maia diz que o fundo investe em Valid (VLID3), empresa global de soluções em segurança digital e física.
“A nova administração fez um trabalho bom de dar foco e rentabilidade para o ativo. Isso está quase no estágio final. O resultado operacional melhorou e ela desinvestiu de alguns ativos. A empresa está mais redonda e rentável”, completa.
Ao todo, a companhia imprime 70% das CNHs do Brasil e 60% dos RGs.
“É uma gráfica, mas tem uma parte que digital. Você tem inúmeras frentes de digitalização de documentos e a Valid pode ganhar com isso. Essa parte não está precificada, mas isso será no longo prazo”, diz.
Veja o episódio na íntegra:
ABC Brasil vs. Itaú
Questionado sobre por que investir em ABC Brasil (ABCB4) em vez do Itaú (ITUB4), o gestor explica que a companhia não corre o risco da disrupção bancária, no caso da invasão de fintechs que sacudiu o mercado nos últimos anos.
“É um banco puramente de crédito, que não deve ser disruptivo. Ele é bem tocado, valendo 0,6 vez o valor patrimonial”, explica.
Além disso, a companhia também tem outro diferencial. Nos últimos anos, o banco entrou no segmento de middle market (médias empresas), que, de acordo com Maia, é mais rentável.
“A ação está negociando a 4 vezes o lucro. O Itaú é muito mais caro que o ABC em termos de múltiplos”, finaliza.
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