Estapar ainda tem bastante espaço para crescer, mas antes precisa superar a pandemia
A XP Investimentos iniciou a cobertura das ações da Estapar (ALPK3) com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 9,70 para o fim de 2021. Embora veja grande potencial de crescimento para a empresa, que está bem posicionada para consolidar o segmento de mobilidade urbana no Brasil, a corretora levou em consideração os desafios do cenário atual.
A principal delas é a pandemia de Covid-19. Os analistas destacaram que, mesmo com uma parte relevante dos contratos usufruindo de mecanismos de reequilíbrio de perda de receita, o lucro bruto da companhia teve queda de aproximadamente 35% no ano passado em relação a 2019.
O cenário pós-pandemia também traz algumas incertezas. A XP acredita que fatores como a adoção do home office, o câmbio e os níveis de empregabilidade podem impactar negativamente o fluxo de pessoas nas ruas, pressionando os números da empresa de estacionamentos.
Outro ponto de atenção é o nível de alavancagem da companhia, atualmente negociada 3,3 vezes Dívida Líquida/Ebitda para 2021.
“A Estapar encerrou 2020 com R$ 823 milhões de dívida líquida e R$ 42,1 milhões em caixa. Apesar da empresa ter anunciado um plano de reestruturação da dívida, no qual se espera reperfilar até R$ 300 milhões, acreditamos que este seja um fator de risco para a tese de investimento tendo em vista o momento atual do setor”, comentaram Matheus Soares e Vitor Pini, autores do relatório divulgado pela XP ontem.
Oportunidade transformacional
Apesar dos riscos de curto prazo, a Estapar é uma empresa com vantagens competitivas que permitirão que ela mantenha sua posição de liderança no setor de estacionamento.
Apesar de dominante, a companhia possui apenas 8% do mercado endereçável de estacionamentos, o que significa que ainda existe muito espaço para crescer.
Com boa estrutura de capital, diversificação regional e um time de executivos de excelência, a Estapar dará continuidade à sua trajetória de crescimento. Segundo a XP, a empresa está com uma “oportunidade transformacional” em mãos: a Zona Azul de São Paulo (ZASP).
A Estapar venceu o leilão de concessão da ZASP no fim de 2019 e passou a operar em novembro de 2020 as 51,6 mil vagas da cidade, antes administradas pela prefeitura. O contrato dá à companhia o direito de operação das vagas pelo período de 15 anos.
De acordo com a XP, esse é o principal gatilho da receita da empresa no curto e médio prazo. A corretora estima que a ZASP vai gerar uma TIR (taxa interna de retorno) de 16,6%, real e desalavancada.
“Somente esta operação deverá entregar R$ 120 milhões em 2021 e R$ 160 milhões em 2022 (13% da receita total)”, comentaram Soares e Pini, que complementaram: “É importante destacar que todas as operações da Estapar em Zona Azul foram responsáveis por R$ 37,4 milhões em 2020 (aproximadamente 6% da receita total)”.
Pelas projeções da XP, a receita líquida da Estapar, excluindo a Zona Azul de São Paulo, retornará aos patamares de 2019 em 2022.