“Estamos vendo espuma, bolhas e alguns players vão explodir”, diz Roubini; veja entrevista
Um novo salto dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA pode abalar os mercados e enviar mais family offices e fundos de hedge para um caminho semelhante ao da Archegos Capital Management, de Bill Hwang, segundo Nouriel Roubini.
Roubini, professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York e ex-conselheiro do governo dos EUA, disse que a combinação de juros baixos ou negativos nas economias avançadas e estímulo fiscal leva investidores a assumirem riscos excessivos. Ele destacou as relações preço-lucro ajustadas ciclicamente em máximas vistas em 1929 e no início dos anos 2000 como um sinal de imprudência.
“Estamos vendo espuma, bolhas, tomada de risco e alavancagem generalizadas”, disse Roubini à Bloomberg TV. “Muitos players se alavancaram muito e assumiram muito risco, e alguns deles vão explodir.”
Alerta de colapso
O professor, que ganhou o apelido de “Dr. Doom” (Doutor Catástrofe) por seus prognósticos agourentos sobre a economia e o sistema financeiro, faz coro a investidores como Scott Minerd, da Guggenheim Investments, ao alertar que mais colapsos ao estilo da Archegos podem ocorrer. Roubini disse pode haver um choque se os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA ultrapassarem 2% este ano.
Christian Mueller-Glissmann, estrategista do Goldman Sachs em Londres, disse que há uma “chance muito boa” de que, no segundo trimestre, o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA suba além da previsão de 1,9% do banco para o final do ano.
“Guerra quente”
Os investidores também devem enfrentar outros riscos, como o retorno da inflação e a perspectiva de uma “guerra quente” entre EUA e China, disse Roubini.
Embora um dólar mais forte tenha levado alguns fundos de hedge e outros investidores a reverterem suas apostas baixistas, a moeda americana tende a enfraquecer no médio prazo, com o aumento dos déficits gêmeos da maior economia do mundo, disse. Ao mesmo tempo, sanções dos EUA podem levar países como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte a diversificarem seus ativos para reduzir a dependência do dólar.
“Mesmo que os resultados de crescimento de curto prazo nos EUA fortaleçam o dólar, a direção da moeda americana é para baixo ao longo do tempo”, disse Roubini.