‘Estamos em um processo evolutivo, de maneira gradual, para não atropelar a inovação’, diz presidente da CVM
O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, participou de um evento nesta quinta-feira (2), onde discutiu sobre a regulação do mercado de criptomoedas e anunciou que haverá novidades em abril. No evento, o Banco Capitual também comentou suas perspectivas para a CBDC.
Durante o evento LIDE Next_ Economia Digital, Nascimento também afirmou que, no momento, a autarquia não pretende regular serviços de staking ou renda passiva com criptomoedas oferecidos por empresas nacionais.
A pauta entrou em destaque nas últimas semanas quando a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) multou a corretora Kraken em US$ 30 milhões por entender que serviço de staking (renda passiva cripto) seria um valor mobiliário não regulado.
Entretanto, o presidente da CVM afirmou que a agenda regulatória no Brasil, é uma construção mais liberal e, por isso, não existe a pretensão de seguir a mesma diretriz que os Estados Unidos.
Ele também reforçou que o órgão desenvolve um papel de organizar e proteger o mercado de capitais, mas não de frear a inovação.
“Vamos trazer os criptoativos para o mercado organizado, de forma organizada. Estamos em um processo evolutivo, de maneira gradual, para não atropelar a inovação, mas, ao mesmo tempo, garantir a proteção ao consumidor na outra ponta”, afirmou.
CVM terá novidades ainda em abril
Nascimento comentou sobre as futuras novidades, que abrangem os planos do Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A novidade se trata do “Open Capital Market”, comparada por Nascimento como o “Pix do mercado de capitais”.
O anúncio deve ser feito ainda em abril e, segundo a CVM, é o terceiro bloco de inovação das “finanças descentralizadas”.
Banco Capitual fala sobre CBDC
O Banco Central anunciou no mesmo evento que abrirá um fórum de debates na próxima semana sobre CBDC e informou que pretende disponibilizar o real digital para a população até o fim de 2024.
Em outro momento do evento, o CTO e co-fundador do Capitual, Jefrey Santos, afirmou que o CBDC pode ser considerado o passaporte universal para a nova economia.
“As moedas digitais possibilitarão pagamentos instantâneos e redução do número de intermediários no processo, diminuindo o custo das transações financeiras”, disse.
Para ele, também aumentará a conexão entre as diferentes economias internacionais, viabilizando futuras interações de uma forma mais fácil, barata e ágil.
“As CBDCs abrem portas para uma economia global, permitindo inclusive o acesso de pessoas hoje desbancarizadas no sistema. Calcula-se que cerca de 1,4 bilhão de adultos no mundo não têm hoje conta bancária, cartão de crédito e débito”, comentou.
Outro benefício destacado pelo CTO foi a execução de contratos inteligentes, mesma tecnologia utilizada nas finanças descentralizadas para automatizar operações no blockchain.
Para Santos, é um sistema mais eficiente de segurança cibernética que poderá contribuir no combate à lavagem de dinheiro, comércio ilegal e outras atividades ilícitas. “O futuro da economia global depende da evolução das CBDCs”, afirmou.
O desenvolvimento de CBDCs já vem sendo feito pelo Capitual com o Banco Central dentro do projeto LIFT Challenge Real Digital.
O projeto apresentado pelo Capitual, em parceria com a Tecban, foi um dos nove selecionados de um total de 47.
A solução proposta visa possibilitar o desenvolvimento de uma tecnologia baseada em contratos inteligentes para a validação das transações com o real do futuro.
Os princípios de criptografia adotados garantem a segurança das movimentações, gerando soluções para o problema de confiança nos sistemas de intermediação em compras de produtos online.
O Lift Challenge está em sua fase final. Está prevista para abril a divulgação pelo Banco Central dos relatórios de resultados das nove propostas desenvolvidas.