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Estamos em um “inverno cripto”? Veja o que pensam os analistas

14 mar 2022, 14:22 - atualizado em 14 mar 2022, 14:22
criptomoedas inverno cripto
O Crypto Times conversou com alguns analistas do setor para entender melhor sobre “inverno cripto” (Imagem: Unsplash/Quantitatives.io)

O “inverno cripto” é um marco conhecido entre os investidores mais experientes do mercado. Aconteceu em 2018, quando os criptoativos passaram por fortes quedas e nenhum sinal de valorização pela frente.

Foi o contrário de 2017, quando o mercado passou por uma forte valorização, algo que os investidores chamam de mercado aquecido ou “bull market”.

Atualmente, o Bitcoin (BTC) e demais criptoativos estão novamente passando por fortes impactos macroeconômicos, segundo analistas.

Por isso, alguns investidores têm se perguntado se esse seria um segundo “inverno cripto”. O Crypto Times conversou com alguns analistas do setor para entender melhor sobre o assunto.

O “inverno cripto” chegou?

Luiz Pedro Andrade, analista-chefe em criptoativos da Nord Research, diz que sim.

“É difícil cravar, mas na minha opinião estamos sim. Entramos neste período de recessão faz alguns meses.”

O analista aponta que o motivo está muito atrelado ao cenário de altos juros nos Estados Unidos e tende a se estender até o final do ano: “O juro está precificado em 1.75 ponto até o final do ano. São cinco aumentos de 0.25 para chegar nesse patamar”.

Outro fator apontado por ele é a alta inflação dos Estados Unidos, resultando no juro real mais negativo desde 1970.

“Nesses cenários mais contracionistas, em que há um aumento nas taxas de juros, tendem a diminuir o incentivo de investidores ao risco e a realocação de capital em criptoativos para investimentos atrelados à renda fixa”, diz.

O sentimento do especialista para o futuro é pessimista, ele diz acreditar que estamos apenas no começo de um ciclo de baixa.

“Não tem como dizer quanto tempo vai durar, é claro que podem haver ‘bull runs’ no meio, mas não vejo o momento ser ‘apetitoso’ para a compra de ativos, dado as métricas do mercado”, finaliza.

Orlando Telles, da casa de análise Mercurius Crypto, concorda. O especialista diz que é possível observar esse movimento com a queda na taxa de rede do Bitcoin e da Ethereum (ETH), que atingiu seu menor valor em 6 meses.

Bruno Hora, investidor e cofundador da InvestSmart, destaca que um dos indicadores do inverno cripto é a “queda acentuada” no mercado de tokens não fungíveis (NFTs). Mercado esse que estava muito aquecido até o final do ano passado.

O motivo seria a fuga dos grandes investidores para seus “portos seguros”, e um exemplo disso é a migração para o dólar ou ativos atrelados à inflação.

Será apenas uma frente fria?

Já André Franco, diretor de análises do Mercado Bitcoin, diz pensar que ainda existe uma possibilidade de “bull run”, período de valorização, ainda em 2021.

“Mas não tiro da conta a possibilidade de uma queda mais forte, e aí então vermos uma pernada positiva”, alerta.

Quem pensa parecido é Valter Rebelo, analista de criptoativos da Empiricus. Segundo o especialista, o ciclo em que estamos é “estruturalmente diferente daquele de 2017 até 2019”.

“Existe muito mais infraestrutura, protocolos que geram valor e também adoção”, aponta.

Rebelo explica que o medo dos investidores se dá pelo cenário macroeconômico, mas ressalta que recentemente vem observando movimentos de Venture Capitals “nunca vistos antes na história”.

“Somente neste primeiro trimestre de 2022, a soma do valor investido em projetos e empresas relacionadas a esse meio de cripto foi de U$ 14 milhões.”

O especialista da Mercurius aponta três fatores que podem ocasionar uma pernada de alta no mercado cripto.

A primeira delas, é um eventual reforço da tese de proteção do Bitcoin contra a inflação, algo que pode se fortalecer conforme o conflito da Rússia se agrave. 

Nesse cenário, não haveria uma mudança tão alterada da taxa de juros, algo que deixaria a taxa de juros real mais negativa, forçando uma maior busca por ativos de proteção

A segunda é a atualização da rede Ethereum, “The Merge”, eventualmente atrair grandes investidores e aumentar todo seu ecossistema.

Em um terceiro cenário, Telles aponta a possibilidade de que a rede Ethereum possa manter a baixa escalabilidade, e isso gerar um aquecimento de algum outro ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi).

Como se manter aquecido no “inverno cripto”?

André Franco, assim como Luiz Pedro, apontam a importância de possuir stablecoins em forma de caixa.

Ambos analistas sugerem uma alocação nessas criptomoedas lastreadas em ativos menos voláteis, como dólar e ouro, e fazer aportes periódicos conforme sua estratégia de investimento.

“Fazer aportes periódicos, sem ultrapassar a quantia de 10% da carteira em cripto, é uma maneira de capturar valor em bons projetos”, complementa Andrade.

O analista da Empiricus também recomenda a estratégia: “É interessante fazer um DCA, ou Dollar cost average. Essas posições parciais têm como objetivo melhorar seu preço médio no criptoativo”, explica.

A porcentagem de caixa em stablecoins indicada por Rebelo, é de 10% a 20%. O analista diz que essa “é uma regra de bolsa”.

Orlando Telles concorda com os três analistas, e adiciona a prática de “fazer hedge” , ou se proteger, por meio de derivativos. “É algo que recomendo para investidores que tenham um maior conhecimento no mercado cripto.”

Por fim, Bruno Hora, diz que é importante buscar ativos com uma correlação negativa ao que está em movimento de queda.

“Hoje um bom exemplo de ativo com uma correlação negativa ao mercado cripto são as commodities”, finaliza.

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