Estado da Índia registra número de óbitos por Covid-19 muito maior e indica subnotificação nacional
Um Estado da Índia registrou um número de mortes de Covid-19 muito maior do que o inicialmente apontado após a descoberta de milhares de casos não relatados, dando credibilidade à suspeita de que o número total de óbitos do país seja consideravelmente maior do que a cifra oficial.
Os hospitais indianos ficaram sem leitos e oxigênio durante uma segunda onda devastadora do coronavírus em abril e maio, e pessoas morreram em estacionamentos de hospitais e em casa.
Muitas destas mortes não foram registradas em contagens da Covid-19, disseram médicos e especialistas de saúde.
A Índia tem a segunda maior quantidade de infecções de Covid-19 do mundo, só ficando atrás dos Estados Unidos, acumulando 29,2 milhões de casos e 359.676 mortes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Mas a descoberta de vários milhares de casos não relatados no Estado de Bihar aumentou a suspeita de que muito mais vítimas do coronavírus não tenham sido incluídas em cifras oficiais.
O departamento de saúde de Bihar, um dos Estados mais pobres da Índia, revisou seu número total de mortes relatadas de Covid-19 de cerca de 5.424 para mais de 9.429 na quarta-feira.
As fatalidades recém-relatadas aconteceram no mês passado, e autoridades estaduais estão investigando o lapso, disse uma autoridade de saúde distrital, culpando hospitais particulares pelo descuido.
“Estas mortes ocorreram 15 dias atrás e só foram registradas agora no portal do governo. Ações serão adotadas contra alguns dos hospitais particulares”, disse o funcionário, que não quis se identificar por não estar autorizado a falar com a mídia.
Especialistas de saúde dizem acreditar que tanto as infecções quanto as mortes de Covid-19 estão sendo consideravelmente subestimadas em todo o país, em parte porque as instalações de exames são raras em áreas rurais, onde dois terços dos indianos moram, e os hospitais são poucos e distantes uns dos outros.
Muitas pessoas adoecem e morrem em casa sem fazer exames de coronavírus.
Como muitos crematórios têm dificuldade de lidar com a onda de mortes dos últimos dois meses, muitas famílias depositam corpos no Rio Ganges sagrado ou as enterram em covas rasas em suas margens.