Está na hora de vender o meu carro seminovo para comprar um zero-quilômetro?
Os carros seminovos dispararam em 2021, com uma alta de preços similar aos novos.
O valor dos veículos de segunda linha subiu, em média, 23,9% em 2021, ante avanço de 24,6% dos automóveis zero quilometro, segundo dados da tabela Fipe.
Segundo Milad Kalume, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, o avanço dos preços dos seminovos está atrelado a vários problemas, como o custo do frete para importações de matéria-prima, alta do dólar e, principalmente, à crise dos chips, que afetou a produção de diversos produtos no mundo todo.
A Anfavea, por exemplo, aponta que a produção de 2021 teve uma perda estimada em 300 mil veículos devido à crise global dos semicondutores.
Já o emplacamento de automóveis recuou 3,56% na comparação de 2020 com 2021, de acordo com a Fenabrave.
Com esses problemas de produção e macroeconomia, o preço dos seminovos dispararam, mas será que isso vai continuar em 2022? Está na hora de vender o seminovo para comprar um zero-quilômetro?
Talvez não — ao menos para três especialistas entrevistados pelo Money Times.
Segundo eles, a disparada dos seminovos não deve continuar neste ano.
“A demanda por semicondutores será normalizada em 2022, o que deve fazer com que a produção dos novos seja retomada, exercendo uma pressão de baixa no valor dos seminovos”, diz Ricardo Bacellar, membro do conselho da Sae Brasil e ex-Head of Automotive da KPMG.
Para Cassio Pagliarini, sócio da Bright Consulting, o preço dos seminovos tende ter uma valorização menor do que a inflação, ou seja, em 2022, deve ocorrer uma perda real no valor do veículo.
Kalume e Bacellar concordam com Pagliarini. Para os especialistas, atualmente, o seminovo está em patamares históricos, e, se o consumidor possui um veículo usado, essa é a hora de vende-lo.
“Hoje é o momento de vender o carro usado, mas essa não é hora de comprar um novo, pois em janeiro as vendas são muitos fracas, o ideal seria comprar em março, momento em que as montadoras dão bons descontos para os clientes”, diz Pagliarini.
Todo cuidado é pouco
Bacellar ainda afirma que o consumidor deve ficar esperto sobre a “pronta entrega” do veículo novo na concessionária, em caso de venda do usado para a compra do recém-fabricado.
“O consumidor pode ficar sem carro, ele corre o risco de vender o seminovo e não ter um novo para repor. E isso deve ser feito de uma forma bem-casada”, alerta.
Já o diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil afirma que o consumidor deve ficar atento, pois o preço dos veículos novos também está alta — exatamente pela falta do produto no mercado.
“Após a venda do usado, o ideal é aplicar o dinheiro, para não perder o valor para a inflação. A compra do veículo novo deve acontecer no segundo semestre, período em que o mercado vai estar normalizado e os descontos tendem a surgir”, esclarece.
De acordo com Kalume, esses descontos podem chegar a até 10%.
Sendo assim, para os três especialistas, não está na hora de comprar um carro novo, seja pelos descontos que as montadoras podem dar a partir de março, risco de não ter o veículo recém-fabricado ou pela melhora nos descontos no segundo semestre. É melhor esperar.