Eleições

Esquerda da América Latina se anima com estrela ascendente no Peru

21 jun 2021, 9:40 - atualizado em 21 jun 2021, 9:40
Pedro Castillo
“O resultado das urnas do Peru é simbólico e representa mais um avanço da luta popular em nossa amada América Latina”, tuitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Imagem: REUTERS/Sebastian Castaneda)

A América Latina tem um novo astro de esquerda.

Pedro Castillo, socialista filho de camponeses, está prestes a vencer a eleição presidencial do Peru depois de emergir da obscuridade para praticamente derrotar uma rival conservadora que é filha de um ex-presidente.

Sua ascensão rápida pode ser mau sinal para os conservadores da região e anunciar uma nova “onda” de líderes de esquerda, já que uma pobreza devastadora atiçada pela pandemia de coronavírus inclina os eleitores àqueles que prometem um governo maior e mais gastos sociais.

Eleições futuras podem apontar um novo traçado das falhas geológicas políticas e sociais da região. Os conservadores da Colômbia estão sob pressão antes da votação de 2022, e no Chile a direita antevê uma derrota nas eleições deste ano, ao mesmo tempo em que o país reescreve sua Constituição de décadas atrás na esteira de protestos populares.

O Brasil também prevê uma batalha eleitoral no ano que vem, já que uma esquerda ressurgente ambiciona impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

“O resultado das urnas do Peru é simbólico e representa mais um avanço da luta popular em nossa amada América Latina”, tuitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma pesquisa de maio mostrou que Lula ou outro possível candidato da esquerda venceria um segundo turno em potencial contra Bolsonaro, que é amplamente criticado pela maneira como lida com a pandemia de Covid-19, que já matou mais de 500 mil brasileiros.

A esquerda latino-americana obteve seus maiores avanços na primeira assim chamada “onda” de líderes socialistas no início dos anos 2000.

O falecido líder venezuelano Hugo Chávez, o boliviano Evo Morales e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega –que continua no cargo– ganharam a companhia de Lula no Brasil e Rafael Correa no Equador.

Mas quando a bonança das commodities, que ajudaram a financiar os programas sociais que eles promoviam, terminou, a onda recuou e a direita voltou com figuras como Bolsonaro no Brasil, Iván Duque na Colômbia, Mauricio Macri na Argentina e Sebastián Piñera no Chile.

Uma nova guinada da América Latina à esquerda poderia impactar o equilíbrio diplomático com os Estados Unidos e a China. Mais intervenção estatal e impostos mais altos também poderiam afetar o investimento nos recursos agrícolas e minerais da região, uma grande fornecedora global de produtos que vão do cobre ao milho.

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