Esquecido pelo mercado, IPCA-15 pode mudar rumo da Selic; confira as projeções para a prévia da inflação
No Brasil, o que não faltam são medições para controlar a inflação. Além do indicador oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também são divulgados dados da Fipe e Fundação Getulio Vargas (FGV). No meio desses indicadores, acaba sendo deixado de lado o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial.
No entanto, o mercado está ansioso para a divulgação do IPCA-15 na quarta-feira (26). Isso porque os números de abril trarão luz para o IPCA de abril e podem aumentar a pressão sobre o Banco Central para redução da taxa Selic a partir de maio.
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No mês passado, o IPCA subiu 0,71%, desacelerando-se em relação à alta de 0,84% apurada em fevereiro. O resultado veio abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,77% e é o menor para o mês desde 2020. E mais: o indicador desacelerou a alta acumulada em 12 meses até março para +4,65%.
Com esse resultado, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%. Foi a primeira vez que o acumulado volta para as bandas da meta desde fevereiro de 2021, quando o teto era de 5,25%. Isso ampliou as apostas de que a Selic a 13,75% ao ano está com os dias contados.
Antes disso, o IPCA-15 já tinha colocado o pé no freio, ficando em 0,69% em março, após alta de 0,76% em fevereiro. Para abril, as projeções são de uma nova desaceleração. Segundo a Genial Investimentos, a prévia da inflação deve ficar em 0,57%. No acumulado de 12 meses, o indicador deve bater os 4,16%. As expectativas são parecidas com as do UBS BB, de 0,56% e 4,15%, respectivamente.
Um novo resultado desse dá força para o argumento de que já está na hora de o Banco Central rever a sua política monetária. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne e pode sinalizar mudanças para as futuras reuniões.
Para Andrea Ângelo, estrategista de inflação da Warren Rena, o IPCA-15 de abril será marcado pelo fim do efeito da incidência de ICMS nas tarifas de distribuição e transmissão de energia. Também é esperada uma redução em alimentação e comunicação.
Por outro lado, deve ser registrada um surpresa altista em saúde e cuidados pessoais, puxado pelo reajuste de medicamentos, além de passagem aérea e aluguel.
“Sobre serviços, nossa projeção é de aceleração em relação ao mês anterior e também em relação ao IPCA de março por serviços de automóveis, passagem aérea e aluguel. Mas isso não muda nossa visão que serviços continuará em desaceleração pautada por itens inerciais e que deve atingir 5,4% ao final de 2023”, afirma.
A expectativa da Warren Rena é de alta de 0,60% no mês e variação em 12 meses em 4,19%.
Já o Santander aposta em uma variação de 0,66%, impulsionado tanto pela inflação de preços livres quanto dos administrados. Com isso, o acumulado de 12 meses deve registrar alta de 4,3%, o menor nível desde outubro de 2020.
O banco é mais pessimista em relação ao movimento de queda da Selic. “Seguimos acreditando não haver evidências suficientes para dizer que a inflação (e, principalmente, as medidas de núcleos) interromperam a tendência de queda. No entanto, as expectativas de médio e longo prazos vêm subindo por conta das incertezas quanto à continuidade de reformas econômicas estruturais e do debate sobre metas de inflação para 2023 e os anos seguintes”, disse.