Petróleo

Esqueça o petróleo a US$ 100; Goldman Sachs mostra cenário bem diferente para 2023

21 mar 2023, 17:14 - atualizado em 21 mar 2023, 17:32
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Petróleo demorará mais tempo para atngir a tal marca dos US$ 100 (Imagem: Divulgação/ Rosneft)

A crise de confiança envolvendo bancos nos EUA e na Europa mexeu para valer com o ânimo do petróleo. Desde o dia 8 de março, quando Jerome Powell (presidente do Fed) defendeu condições ainda mais restritas para os juros, as cotações despencaram mais de 12%, alcançando mínimas de 15 meses atrás.

Se antes a reabertura chinesa despontava como o cenário vencedor para levantar os preços, é o temor de um agravamento da crise de crédito (ou como se diz por aí, um credit crunch) que parece dar as cartas no mercado.

Reagindo às incertezas no futuro para a demanda por combustíveis, dado o cenário de desaceleração da economia, o Goldman Sachs rebaixou a previsão do petróleo de US$ 100 para US$ 90 ao final deste ano. Nem mesmo em 2024 a marca dos US$ 100 barril seria alcançada, de acordo com o banco, que estima o petróleo aos US$ 94 daqui a um ano.

Evolução do preço do Brent (dólares por barril) em função dos últimos eventos do mercado. [Fonte: Goldman Sachs]

Para os analistas do Goldman, parece certa a chegada de uma recessão moderada, centrada nos países da OCDE, com redução do consumo de petróleo (queda média no consumo anual avaliada em 500 mil barris por dia) e aumento dos inventários.

“Nós abaixamos a projeção de demanda para a Europa e América do Norte em 2023 e 2024, considerando desaceleração do PIB dos EUA, da UE e dados de consumo mais fracos”, diz o relatório.

Do lado altista, o banco continua dando destaque para um processo de recuperação da demanda pela commodity no Oriente, sobretudo na China, onde é esperado um acréscimo no consumo anual médio de petróleo para a marca de 300 mil barris por dia.

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Opep vai interferir na oferta do petróleo?

A Opep+ se manteve calada ante o estresse bancário envolvendo instituições nos EUA e na Europa, diminuindo a expectativa de que o cartel de produtores de petróleo recorra a um novo corte de produção para voltar a suportar os preços do petróleo.

Atualmente, está valendo a diretriz adotada em outubro do ano passado, que pede aos países que compõem a aliança uma redução de 2 milhões de barris por dia a produção da commodity.

Fontes dentro da Opep+ consultadas pela Reuters observam que a demanda pela commodity permanece robusta, sobretudo no eixo asiático, e está em descompasso com as vendas realizadas recentemente.

Desse modo, um anúncio de corte poderia emitir uma mensagem errada ao mercado: a de que a demanda está retraindo.

O comitê de monitoramento do grupo tem reunião agendada para 3 de abril. Até o momento, não houve nenhum anúncio de reunião de emergência para discutir a pauta do estresse bancário e os efeitos para o mercado de petróleo.

Ao fim do pregão dessa terça-feira (21), os contratos futuros de petróleo para o WTI (óleo cru americano) e Brent (referência internacional) terminam em forte alta, de 2,50% e 1,95%, respectivamente.