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“Esperou demais e fez muito pouco”, CEO do JP Morgan soma voz a críticos do Fed e põe relógio para recessão global

11 out 2022, 16:50 - atualizado em 11 out 2022, 16:59
Jerome Powell
Jerome Powell está na berlinda pelas ações do Federal Reserve durante 2022 (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

2022 tem sido o pior ano para o mercado financeiro em ao menos 40 anos. Mas o show de horror tem tudo para continuar em 2023.

Esse foi o recado dado pelo CEO do JP Morgan em entrevista à rede americana CNBC ontem. Jamie Dimon colocou a contagem regressiva para rodar e afirmou que os Estados Unidos  entrarão tecnicamente em uma recessão a partir de 2023, num período que pode durar de seis a nove meses.

O estrago causado nos retornos pela dobradinha inflação e juros altos tem custado caro para o desempenho das empresas. O principal índice acionário dos EUA, o S&P 500, por exemplo, desabou 24% até aqui.

E a procura por culpados já está a todo vapor nos corredores do distrito financeiro em Manhattan. Até agora, o candidato favorito desse concurso infame é Jerome Powell, presidente do Federal Reserve.

‘Fritando’ Powell

A ‘fritação’ do presidente do Fed ganhou contornos mais proeminentes há duas semanas, quando o professor emérito da Wharton Business School e um dos titãs da área financeira nos EUA, Jeremy Siegel, foi à mesma CNBC para dizer que Powell devia ao povo americano um pedido de desculpas pela forma com que está conduzindo a política monetária dos EUA.

Lembrando ter sido um dos primeiros nomes a alertar para o avanço de preços ainda em 2020, Jeremy Siegel avalia que o Fed se acomodou em cima do discurso da inflação transitória, causado por gargalos nas cadeias de produção enquanto o mundo voltava a reabrir.

Na busca de recuperar o tempo perdido, o economista avalia que o Fed está agindo com agressividade demais e já assume que uma recessão ampla será o preço a ser pago para domar a inflação superio 9,0% no país.

A fala inflamada de Jeremy Siegel foi endossada publicamente por Elon Musk, o bilionário CEO da Tesla, e agora também recebeu o coro do CEO do JP. Morgan. Mas Dimon, apesar da crítica, preferiu concluir a sua participação televisiva com um “boa-sorte” para Powell.

JP. Morgan e FMI apontam recessão por toda parte em 2023

A fala do executivo-chefe na rede americana transmite os principais pontos do relatório do JP. Morgan, também divulgado ontem.

Segundo Dimon, é previsto uma deterioração contínua das condições macroeconômicas, puxada por uma combinação complexa de fatores como  altas taxas de juros, alta inflação, a guerra na Ucrânia e os efeitos ainda desconhecidos da política de relaxamento quantitativo aplicada pelos bancos centrais ao largo da última década.

Em razão disso, o índice S&P 500 pode desabar mais 20% em 2023, com o mercado de crédito podendo ser o mais atingido.

Na mesma toada, o FMI publicou relatório nesta segunda-feira indicando que um terço dos países passará por alguma forma de recessão, com o crescimento econômico para 2023 sendo cortado para 2,7% dos 2,9% aferidos em julho.

Segundo a instituição, China, EUA e União Europeia liderarão o quadro de desaceleração global e devem encontrar piores dias em 2023, enquanto as  ‘bandeiras vermelhas’ da recessão continuam a aparecer. A crise geopolítica e o aumento generalizado do custo de vida foram os fatores mencionados como sendo os responsáveis pelo novo cenário de contração.

A definição técnica de recessão considera dois trimestres de crescimento negativo. Entre os sinais que anunciam a sua chegada estão: queda do nível da produção (aferida pelo PIB), aumento do desemprego, queda na renda familiar, redução da taxa de lucro, aumento do número de falências e concordatas, bem como a diminuição da capacidade de investimento.

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