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Especial China 2023 – Parte 4: Pequim intensifica apoio ao setor imobiliário

11 jan 2023, 10:00 - atualizado em 11 jan 2023, 10:12
China intensificou esforços para enfrentar crise do setor imobiliário, mas defende que ‘casas são para morar, não para especular’ (Imagem: Bloomberg)

Neste início de 2023, o colunista do Money Times Robert Lawrence Kuhn dedicou uma série de cinco artigos com ênfase na economia da China. No primeiro, o especialista falou sobre a estratégia chinesa para aumentar o crescimento econômico em condições complexas.

Na segunda parte, Robert Lawrence Kuhn falou sobre a estratégia da China em relação às políticas monetária e fiscal. Depois, ele falou sobre o incentivo aos negócios privados. Nesta quarta de cinco partes da série especial, o especialista descreve a estratégia da China em fortalecer o setor imobiliário com políticas de apoio à propriedade. 

Confira o quarto da série de cinco artigos sobre a economia da China

Após o 20º Congresso do Partido, o governo chinês intensificou os esforços para enfrentar a crise do setor imobiliário, deflagrada após o colapso da dívida da Evergrande. Os bancos foram encorajados a afrouxar o crédito, mas não a inverter a concessão, mantendo a política de “três linhas vermelhas”.

Em linhas gerais, as chamadas “three readlines” referem-se a testes de estresse financeiro mais difíceis para grandes empreendimentos imobiliários. Para tanto, é feito um monitoramento dos índices de dívida em relação ao fluxo de caixa, capital e aos ativos. 

Ao mesmo tempo, questões estruturais seculares, como o envelhecimento demográfico e a urbanização mais lenta, logram por mudanças permanentes. Desse modo, o setor imobiliário da China pode, com o tempo, transitar no espaço da economia geral e diminuir de tamanho. 

O setor imobiliário foi destaque durante a Conferência Central de Trabalho Econômico, realizada em dezembro. Trata-se de uma união anual de alto nível para considerar as perspectivas econômicas e as políticas a serem definidas para 2023. 

Certamente, o princípio norteador durante o encontro foi o de que “moradia é para morar, não para especular”. Porém, esse pensamento foi contrabalançado por apelos para estabilizar o que se tornou um setor imobiliário arriscado, excessivamente alavancado e repleto de ansiedade. 

Portanto, restaurar a confiança tornou-se prioridade, assim como garantir a entrega de moradias (para aqueles que pagaram antecipadamente por suas casas). Além disso, destaque para ajustes necessários, como no mercado de arrendamento de terras de longa duração.

Setor imobiliário ganha apoio para evitar riscos

Notavelmente, a seção referente aos imóveis no comunicado da Conferência estava dedicada a “prevenir efetivamente e neutralizar grandes riscos econômicos e financeiros.” Isso ilustra a preocupação das lideranças chinesas de que uma enorme dívida imobiliária poderia desencadear um contágio. Daí, então, a intenção do governo de impedir uma crise sistêmica.

Assim, as políticas de apoio incluem: promover o desenvolvimento constante do mercado imobiliário e atender à razoável demanda de financiamento do setor; prevenir e neutralizar os riscos de produtos de alta qualidade e líderes do setor (em outras palavras, certificando-se de que as incorporadoras de primeira linha tenham crédito suficiente); e atender às necessidades básicas de habitação da população, melhorando as condições gerais de moradia.

A frase-chave é esta: “O país busca promover uma transição suave do setor imobiliário para um modelo de novos empreendimentos”. “Transição suave”, ou seja, “transição” significa reconhecer que é necessária uma mudança de longo prazo; “suave” significa políticas que são graduais e evolutivas, não repentinas nem revolucionárias.

Porém, ninguém afirma que será fácil ou rápido. Equilibrar o crescimento sustentável do setor imobiliário, reduzindo o risco do sistema financeiro e melhorando os preços da habitação para as pessoas continuarão a ser um desafio perene.

*Robert Lawrence Kuhn é um renomado especialista em China, especialista internacional e estrategista corporativo, sendo consultor para líderes e corporações multinacionais na China. Ele recebeu a Medalha da Amizade da Reforma da China do presidente Xi Jinping. É autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.

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