Espaço para reduzir a Selic: Galípolo explica como juros podem cair e continuar restritivos
O Brasil tem espaço para cortar a taxa Selic e ainda assim manter o patamar restrito, avalia o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo.
“O Brasil hoje tem espaço para começar esse ciclo de corte, mantendo a política monetária numa zona contracionista, e observando como vai se dar essa reancoragem total (das expectativas de inflação) e reafirmado a todo o momento no Copom o empenho em perseguir a meta de inflação”, disse Galípolo em reunião do Conselho Superior de Economia (Cosec) nesta terça-feira (22).
No começo deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu início ao ciclo de cortes da Selic. A taxa básica de juros passou de 13,75% para 13,25%, ou seja, uma redução de 0,50 ponto percentual. A decisão não foi unânime, tendo dividido a diretoria em 5 a 4.
De acordo com Galípolo, a divergência entre os membros em sua última reunião foi apenas sobre como iniciar o ciclo de corte de juros.
“A divergência do Copom é muito menor do que pode parecer ou que está sendo, muitas vezes, colocada, porque era uma divergência sobre como é que você iniciava o ciclo de cortes, com uma unanimidade sobre qual deveria ser a continuidade”, afirmou o diretor nesta terça-feira.
Galípolo afirmou ainda que a condução das políticas públicas brasileiras e da política monetária pelo BC deve caminhar em direção a permitir maior “perenidade” do afrouxamento monetário e crescimento econômico de longo prazo.
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Taxa Selic: O que esperar?
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou que o corte de 0,50 na Selic realizado na última reunião do Copom foi apropriado. O corte veio após quase um ano da taxa de juros estacionar no patamar de 13,75%.
Para a próxima reunião do comitê, o mercado especula que o corte possa vir a ser maior para que ganhe ritmo na queda da taxa de juros até o final de 2023, mesmo com ata da reunião não deixando esse ponto claro.
Em entrevista concedida ao Poder360 na última semana, Campos Neto alegou ter uma barreira para que mude o ritmo, tanto para cima quanto para baixo.
“A gente quis dizer [na ata] que a barra é alta tanto para cima quanto para baixo e explicamos o que a gente está olhando. Estamos olhando a expectativa de inflação, dinâmica de inflação corrente, estamos olhando o hiato, que é a capacidade do país crescer sem gerar inflação. Então, o que estamos dizendo é que a barra é alta para mudar essa dinâmica”, disse tentando conter as expectativas do mercado perante um novo corte.
A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 19 e 20 de setembro.
* Com Reuters e Juliana Caveiro