Espaço aéreo russo fechado pode ter efeito fora da UE? A pandemia não deixa desprezar nada
O fechamento do espaço da Rússia às companhias aéreas europeias e americanas parece ser uma realidade distante para nossa parte do mundo e dos setores que dependem da aviação para o fluxo de comércio exterior. Mas o efeito cascata disso ainda está por ser conhecido na sua extensão.
De certa forma, a pandemia do novo coronavírus mostrou que não se deve desprezar nenhuma hipótese.
Mas, antes, vamos a essa situação imposta pelo governo russo, em retaliação ao fechamento do espaço aéreo da Europa às suas companhias, no bojo das sanções econômicas.
O comércio europeu para o Oriente e Ásia, navegado sobre as asas, tem a sua principal rota cortando a Rússia, nas duas mãos. Terá que haver desvios, mais longos e mais custosos.
Qual a possibilidade, então, de essas mudanças obrigarem as companhias aéreas desviarem aeronaves que serviriam outras partes do mundo, especialmente em roteiros menos rentáveis, concentrando operações em outras rotas?
A situação era outra, naturalmente, tendo em vista que a pandemia tirou do ar muitos voos globais, mas a decisão foi a mesma: mercados menos lucrativos sofreram mais com o desvio de aeronaves de carga.
Desta vez, o empresário ainda não vislumbra algo assim, mas não descarta. Cerca de 60% do mamão precisa ir de avião, dada a perecibilidade da fruta.
Fora esse produto, outros, sensíveis, tecnológicos e de pequenos lotes, transitam por carga aérea.
Há que ser lembrando, também, que gigantes da navegação – outro setor que ficou bagunçado pela pandemia e ainda hoje impõe custos sobre as exportações brasileiras, como as de café -, estão saindo dos portos russos e ucranianos.
E vão precisar absorver mais cargas para não se afundarem, concorrendo, de certo modo, com as aéreas.