ESG: Financiamento e seguro como agentes de redução da pegada de carbono de veículos
A pauta ESG está em voga em todos os segmentos da economia. Na indústria de transporte, não é diferente. A preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa têm colocado no centro da discussão a descarbonização dos veículos, principalmente os chamados pesados, grupo formado por caminhões, ônibus, vans e similares.
A indústria automobilística, especialmente seus veículos movidos a combustíveis fósseis, sempre foi considerada uma das principais fontes de poluição para o meio ambiente. O excesso de carbono, assim como o diesel, que são liberados principalmente de caminhões e ônibus são prejudiciais à saúde, à qualidade do ar, além de contribuir para o aquecimento global e suas consequências devastadoras.
Hoje, com a necessidade de o Brasil se posicionar como protagonista e uma das lideranças globais na defesa da sustentabilidade, o cenário tem sido modificado e estratégias e ferramentas estão sendo adotadas para não agredir o ambiente e a saúde das pessoas.
A descarbonização é uma dessas ações. A transformação veicular, que é a substituição dos motores a diesel por motores 100% a gás natural e biometano, está entre as mudanças que já estão sendo colocadas em prática pela indústria.
Acontece que a primeira barreira enfrentada pelo motorista ou fretista que busca fazer a transição do seu veículo está muito antes da oficina. São escassas as linhas de crédito desenhadas com a finalidade de viabilizar a mudança de motorização para fontes de baixa emissão.
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Por outro lado, a pressão pela redução da pegada de carbono da frota continua a gerar demanda, criando uma oportunidade para o mercado de concessão de crédito.
Neste cenário, bancos e financeiras precisam oferecer mais do que crédito: desempenhar um papel de protagonismo na transição para uma frota de caminhões mais limpa, incentivando quem reduz emissões com produtos mais vantajosos, seja pela oferta de juros mais competitivos ou prazos mais flexíveis.
Para isso, é crucial que os bancos considerem a descarbonização ao avaliar os pedidos de financiamento. Da mesma forma, as seguradoras também precisam passar a considerar as emissões de poluentes na precificação dos seguros de caminhões e veículos utilitários.
Veículos mais limpos e eficientes podem ser associados a valores de seguros mais baixos, incentivando a adoção de tecnologias mais sustentáveis.
A adesão dos critérios sustentáveis que incentivem o proprietário a reduzir a pegada de carbono do seu veículo é um debate delicado, mas necessário, que deve gerar ganhos de longo prazo por toda a cadeia.
Em suma, dado o evidente benefício ao meio ambiente, para o real avanço da descarbonização, precisamos, além das políticas públicas, de ações do setor privado que motivem economicamente o consumidor, como o oferecimento de caminhos mais fáceis ao crédito e ao seguro.
Considero que não podemos perder a oportunidade: veículos limpos e eficientes apresentam menor risco financeiro para os bancos e seguradoras, já que são menos propensos a enfrentar problemas mecânicos, o que reduz o risco de inadimplência nos empréstimos e a ocorrência de sinistros, oferecendo vantagens para toda rede envolvida.