Escolhas de Lula ao Mapa e MME estão complicadas por muita “transversalidade política”
Dos 16 ministérios que faltam ser anunciados por Lula, o que deve ocorrer na terça-feira, a decisão quanto aos futuros ministros do Agricultura (Mapa) e de Minas e Energia (MME), está dando mais dor de cabeça política ao presidente eleito do que se previa politicamente.
E não será surpresa se os escolhidos não serão aqueles mais cotados nas listas atuais, Carlos Fávaro e Renan Filho, respectivamente, especialmente no caso da pasta que cuida das políticas energéticas, de acordo com uma fonte que esteve na transição.
Sob pedido de sigilo de seu nome, que inclusive pode constar em algum escalão de qualquer um dos ministérios, ele lembra que no caso de Fávaro, senador (PSD-MT), há a questão da sua suplente no Senado, enquanto no MME os patronos para o cargo máximo, Renan Calheiros (MDB) e o deputado Arthur Lira (PP), são adversários políticos regionais, em Alagoas.
O presidente eleito, ao divulgar os 16 ministérios nesta quinta (22), não economizou ao destacar o enquadramento político da maioria dos indicados, inclusive como forma de acomodar o espectro que o ajudou a se eleger, mas as duas referidas casas da Esplanada estão crivadas de “muita transversalidade política”.
Calheiros, aliado de Lula de longa data, pressiona pela indicação de seu filho, ex-governador do estado e eleito senador agora, desde o início de novembro, conforme aqui foi antecipado, quando o time da transição foi montado. Nos últimos dias, Elmar Nascimento (PP-BA), deputado federal, entrou na corrida, por pressão de Lira.
Presidente da Câmara e líder do Centrão, Arthur Lira não pode ser contrariado, ainda mais que o orçamento secreto foi derrubado no STF, em derrota política do deputado e há quem suspeita do ‘DNA’ do Lula.
Renan Filho também passou a ser cogitado para o Planejamento ou Integração Regional, mas para o primeiro, particularmente, que será recriado com o desmembramento da Economia, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, oferece alguma resistência, disse o interlocutor de Money Times.
No caso do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lula está quase certo referendar o nome de Fávaro, que esteve em sua campanha e tentando articular algum apoio do agronegócio, mas a sua suplente, Margareth Buzetti (PP), é bolsonarista de carteirinha.
Segundo consta, o ex-ministro do Mapa, Blairo Maggi, teria conseguido trazê-la para o ‘campo’ de Lula, mas não há garantias de que ela, de fato, votará com o novo governo. Logo, segue o arranjo nesse campo para que haja garantias de que o governo não vá perder um voto certo no Senado ou ter que ficar demitindo ‘temporariamente’ Carlos Fávaro a cada votação importante.