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EscolaCripto: o que é tokenização de ativos?

06 out 2020, 12:07 - atualizado em 06 out 2020, 12:16
Em artigo exclusivo para o Crypto Times, EscolaCripto explica a inovação trazida pela tokenização de ativos, possível com tecnologia blockchain (Imagem: Freepik/upklyak)

Com um potencial enorme de causar mudanças significativas em vários setores, a tokenização de ativos refere-se ao processo de emissão de um token em blockchain que representa digitalmente um ativo real negociável.

Com suas especificações descritas em um “smart contract”, é, de muitas maneiras, semelhante ao processo tradicional de securitização, porém com um toque moderno, possibilitando muito mais eficiência e liquidez. 

De obras de arte a imóveis, a forma de se investir e transacionar ativos está prestes a mudar radicalmente com a modernização proporcionada pela tokenização. 

O conceito é relativamente popular entre os entusiastas dos criptoativos, mas está começando a avançar também nas indústrias tradicionais e tem o potencial de proporcionar mudanças significativas em vários setores, simplificando as operações de negociação ao redor do mundo.

Mas o que são tokens?

São uma representação digital de ativos reais. Por ativos, entende-se todo recurso econômico, algo tangível ou intangível que possa ser utilizado pelo detentor para produzir valor econômico. Veja alguns exemplos:

– Ativos tangíveis: dinheiro, empréstimo, maquinário, equipamentos, móveis, imóveis.

– Ativos intangíveis: direitos autorais, patentes, softwares, marcas registradas, ativos financeiros como títulos e ações.

Sendo assim, a tokenização de ativos permite converter os direitos nesses ativos com valor econômico em um formato digital, com regras especificadas por meio de contrato inteligente. Após tokenizado, o ativo pode ser facilmente negociado. 

A representação de ativos reais em uma blockchain está se espalhando para: matérias-primas, imóveis, produtos finais, royalties, serviços financeiros e seguros, telecomunicações, obras de arte, geração de energia, serviços públicos, educação, participações em fundos privados, metais preciosos e inúmeras outras possibilidades.

Hoje existem alguns tipos de tokens e dois dos principais são:

Utility token: dá ao detentor acesso a um produto ou serviço. É a unidade monetária dentro do ecossistema, onde produtos e serviços podem ser adquiridos e pagos por meio dela e também pode ser utilizada como recompensa aos membros.  

Security token: é considerado como valor mobiliário, gerador de renda e constitui a propriedade real de um ativo. Pode representar uma ação de uma empresa, uma parte de um prédio, a participação em um fundo de investimento e é negociado com base nas métricas especificadas em smart contracts.

Alguns dos principais benefícios da tokenização são:

– Maior liquidez: a facilidade de transação promovida pela tokenização aumenta a liberdade e liquidez para compradores e vendedores interessados em um determinado ativo, facilitando a atração de investidores e o processo de trading. Além disso, possibilita o aumento de volume de negociação tanto para mercados com pouca liquidez (obras de arte) como para mercados maiores. 

– Acessibilidade: novas formas de captação de recursos, permitindo projetos em desenvolvimento emitir ações em formato de token, proporcionando o alcance a uma audiência muito maior. Como o ativo pode ser fracionado, reduz valores mínimos necessários para se investir, além de possibilitar a negociação 24/7 e eliminação de barreiras territoriais.

– Rapidez e redução de custos: a automatização gerada pelos smart contracts permite uma grande redução de custos administrativos envolvidos nos processos de negociação, devido à diminuição de intermediários, proporcionando mais rapidez e dinamismo às operações. 

Segundo a empresa de consultoria Plutoneo, a expectativa é de que, na Europa, o mercado de tokenização de ativos atinja € 1,4 trilhão em 2024.

O mercado global de tokenização, que em 2018 era estimado em US$ 983 milhões, deve chegar a US$ 2,670 bilhões até 2023, crescendo a uma taxa anual de 22,1%. 

Espera-se que a América do Norte represente o maior tamanho no mercado geral de tokenização durante o período de previsão.

Uma das indústrias na qual foi utilizada recentemente a tokenização de ativos foi a esportiva. Atualmente, o setor é repleto de obstáculos para atletas promissores de origem pobre e de países menos desenvolvidos economicamente. 

Esses jovens atletas muitas vezes dependem de bolsa de estudos ou de serem vistos por algum patrocinador. No entanto, se os investidores tivessem uma maneira mais simples de investir no sucesso futuro desses atletas, seria a forma ideal de gerar novas oportunidades de crescimento profissional. 

A tokenização é uma maneira de conseguir exatamente isso. Um exemplo vindo do mercado esportivo foi o ocorrido em 2019, quando o jogador de basquete profissional americano Spencer Dinwiddie anunciou a tokenização de um percentual de seu contrato com o Brooklyn Nets.

Como parte do acordo, os investidores teriam a oportunidade de comprar frações do contrato de Dinwiddie com o Nets e obteriam um rendimento anual de cerca de 2,5%.

Embora tenha encontrado resistência da NBA e da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), o jogador conseguiu com a oferta dos security tokens (STO), que é a oferta pública utilizando um protocolo blockchain, arrecadar US$ 1,35 milhão.

As oportunidades para atletas amadores e profissionais são enormes com a adoção da tokenização.

Segundo a Research and Markets, o mercado global de esportes alcançou mais de US$ 488 bilhões em 2018 e atualmente projeta-se um crescimento a uma taxa anual de 5,3%, atingindo perto de US$ 614,1 bilhões em 2020.

Os Estados Unidos constituem cerca de um terço desse número, enquanto China, Japão e Alemanha são os próximos três maiores players.

Se até 1% da indústria esportiva global mudar para um modelo de tokenização, a indústria esportiva tokenizada, em geral, poderá valer US$ 6 bilhões. Para colocar isso em perspectiva, é cerca de seis vezes maior que a indústria de e-sports, de US$ 1 bilhão.

Além disso, a tokenização pode aumentar drasticamente a taxa anual dos esportes colegiados, passando da indústria de US$ 1 bilhão, que é hoje multibilionária, tornando-a mais acessível, líquida e diversificada.

Isso ajudará a indústria esportiva global a crescer, garantindo que a próxima geração de grandes atletas seja mais bem-financiada do que nunca.

Somente por esse exemplo já é possível ter uma ideia do poder de disrupção que isso pode causar, permitindo desbloquear grande fluxo de receita adicional, dando chance a muitos atletas de acessarem novas oportunidades de crescimento.

Ao mesmo tempo, isso oferece aos fãs e investidores profissionais e casuais a chance de ajudar a impulsionar a carreira dos atletas, aumentando suas possibilidades de serem escolhidos por times profissionais. 

Mesmo não removendo todos os intermediários, sem dúvida promoverá, às relações comerciais tradicionais, processos muito mais eficientes, substituindo e transferindo as necessidades de confiança, antes inteiramente centralizadas em indivíduos, para a matemática e tecnologia.  

O resultado disso são melhorias a nível global para as formas engessadas, como acontece nas negociações de ativos nos dias atuais.

Mesmo com os entraves provenientes de regulação, esse mercado deve surpreender e as empresas que estiverem dispostas a se adaptar em prol do futuro terão muito mais chances de prosperar.

O infográfico a seguir, similar ao das pesquisas da Gartner, mostra a tendência de adoção de novas tecnologias. Nele, é possível observar que estamos em uma fase de transição para um momento de consolidação da tokenização nos próximos dois anos.

Caso queira saber mais sobre esse mercado de tokenização de ativos, não deixe de conferir o Rede Aberta do dia 24/07, que contou com a participação de Roberto Machado, CEO da Beta Blocks, e foi abordado o tema de STOs, exemplos de uso e o futuro desse mercado, além da visão do entrevistado sobre vários assuntos envolvendo descentralização e criptoativos:

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