EscolaCripto: a trajetória de Will Conrad e a ascensão dos NFTs
A tecnologia blockchain tem causado grandes disrupções desde que surgiu com o bitcoin em 2009.
A possibilidade de levantamento de recursos de forma descentralizada por meio das ICOs; a criação de mercados financeiros descentralizados, onde qualquer pessoa pode adquirir empréstimos; o fornecimento de liquidez e remuneração com juros por meio dos protocolos DeFi.
Essas foram algumas das inovações proporcionadas, mas engana-se quem acredita que o alcance dessa tecnologia se limite a esses setores.
Em 2021, ela alcançou também as belas artes, e o resultado dessa junção tem causado um certo alvoroço no meio artístico, contribuindo para levar a criptoeconomia ao “mainstream”.
Mas de que forma?
Através dos NFTs (“Non Fungible Tokens”), que utilizam o conceito de escassez digital, implementado inicialmente pelo Bitcoin e estendido para os mais diferentes arquivos que você possa imaginar.
Peças de arte, itens colecionáveis, tweets, músicas ou qualquer outro tipo de mídia agora também podem ter sua versão digital, única e publicamente verificável, podendo ser negociada pela internet, graças à tecnologia blockchain.
Essa inovação vem despertando cada vez mais a atenção de artistas da pintura, músicos, celebridades e atletas que enxergam, nos NFTs, a possibilidade de expor e monetizar seus conteúdos diretamente com o público, em galerias virtuais, onde podem ser leiloadas de maneira segura e sem intermediários.
Assim, possibilitam que o artista tenha mais autonomia e receba um valor mais justo por seu trabalho, com mecanismos que possibilitam até mesmo o recebimento de royalties permanentes, onde a cada venda futura realizada o artista recebe uma parcela do valor.
Interessante, não é mesmo?! Quer uma demonstração do potencial dessa inovação? Então, vamos lá.
NFT vendido por US$ 69 milhões e mercado cripto no mainstream
No mês passado, o artista digital Mike Winkelmann, mais conhecido por seu pseudônimo Beeple, bateu um recorde, vendendo o NFT da obra “Everydays: The First 5000 Days”, uma compilação de anos de desenhos realizados diariamente, por incríveis US$ 69 milhões.
O leilão aconteceu na plataforma MakersPlace e foi conduzido pela tradicional casa de leilões Christie’s que, pela primeira vez na História, fez algo do tipo.
A venda é a terceira maior já realizada por um artista vivo e é o NFT mais caro já vendido até hoje. O feito rendeu até mesmo uma matéria especial no Fantástico, com entrevistas e explicação sobre como funcionam os NFTs.
Com tantas possibilidades, já é de se esperar que a arte digital atraia cada vez mais profissionais e investidores.
Artista brasileiro no mercado de NFTs
De olho nesse mercado, o artista brasileiro Will Conrad recentemente disponibilizou alguns trabalhos para serem comercializados no marketplace Rarible.
Mas, antes de conhecer os NFTs que ele colocou para leilão, vamos saber um pouco mais da sua história.
Vilmar Conrado, mais conhecido no meio artístico como Will Conrad, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, e sua história com o desenho vem desde muito cedo.
Na infância, costumava ler quadrinhos e ficar horas ilustrando seus personagens preferidos em seu caderno.
Mais tarde, quando adulto, conciliava as atividades profissionais de ilustração que desenvolvia para empresas de jornalismo e publicidade com a prática e o estudo autodidata constante de técnicas de desenho, até que conseguisse conquistar oportunidades para realizar seu sonho, que era o de trabalhar profissionalmente desenhando o que mais gostava, super-heróis.
Ao mesmo tempo que buscava divulgar seu trabalho para o mundo, enviando testes e amostras para empresas do setor, ele tinha de lidar com diversos obstáculos da época, como o aspecto financeiro, a dificuldade de comunicação com as editoras e o preconceito que artistas sul-americanos enfrentavam.
Will persistiu focando no aperfeiçoamento de suas técnicas e estilo como desenhista, tendo como principais influências John Buscema, Will Eisner, Alan Davis e Barry Smith.
Todo o esforço resultaria nas primeiras portas abertas para o mercado norte-americano e europeu em 2001, quando trabalhou como arte-finalista com Joe Pimentel na revista periódica “Buffy The Vampire Slayer”, pela conceituada editora de quadrinhos Dark Horse Comics, finalizando a arte do desenhista Cliff Richards.
Nessa mesma editora, ele ilustrou “Serenity”, uma minissérie que foi sucesso de público nos EUA, escrita pelo diretor de “Os Vingadores”, Joss Whedon.
Os projetos que passaram a surgir a partir daí foram cada vez maiores e sua técnica e narrativa eram continuamente aprimoradas.
O artista recebeu, então, uma proposta para desenhar para a Marvel, onde atuou de forma exclusiva por seis anos, ilustrando títulos como “X-Men”, “Wolverine: Origins”, “Black Panther”, “Secret Avengers” e “Elektra”.
Sua carreira ainda conta com passagens por grandes editoras como Dynamite Entertainment, Top Cow Productions e DC, onde desenha há oito anos, completando 20 anos de carreira internacional em 2021.
O convite de Stan “The Man” Lee
Will conquistou o grande feito de ser chamado para trabalhar junto com ninguém menos que Stan “The Man” Lee, editor-chefe, presidente da Marvel Comics, considerado uma lenda viva dos quadrinhos.
Conrad havia pintado a capa da revista de um personagem novo que seria escolhido em “Who wants to be a Superhero?”, um reality show criado por Stan Lee.
A obra chamou atenção e fez com que Stan entrasse em contato com Will, convidando-o a ilustrar um de seus projetos, o que rendeu um contrato exclusivo assinado com a Marvel.
Após percorrer um longo caminho de muito trabalho, pelo seu talento e profissionalismo e de maneira discreta, como todo bom mineiro, Will conquistou seu espaço no concorrido mercado de quadrinistas americanos, consolidando-se, hoje, como um dos melhores artistas de sua área.
Estreia no mercado de NFTs
Will fez o primeiro lançamento de suas obras autorais em formato digital em março deste ano, disponibilizando alguns de seus trabalhos na plataforma Rarible, vendendo quatro peças e, logo de cara, já obtendo muito sucesso.
Ele pretende continuar inovando e, no futuro, algumas das artes disponibilizadas terão a função “locked content”, que permite a quem adquirir a obra o acesso a conteúdos exclusivos, como o processo de criação daquela arte.
Nos NFTs, Will viu a possibilidade de colocar em prática algumas ideias conceituais e de se aproximar mais do público que admira sua arte.
Ele enxerga muito positivamente a ausência de barreiras e acredita que esse mercado ainda pode atrair muito capital e proporcionar grandes oportunidades para novos artistas.
Ele está correto; estamos presenciando o início de um mercado inovador e altamente promissor, que conquista os primeiros usuários e está modelando o que será o futuro da arte digital colecionável.
Mais inovações à frente
Com o advento dos NFTS, já percebe-se que serão necessárias maneiras de torná-los mais líquidos e com menor risco envolvido. Visando resolver esse problema, o projeto brasileiro Nftfy surge como uma alternativa para melhorar a dinâmica de monetização nesse ambiente descentralizado.
A dapp permitirá a fracionalização de NFTs, que poderão ser fracionados e transformados em tokens ERC20, possibilitando a liquidez instantânea em protocolos DeFi e atraindo ainda mais pessoas para o ecossistema.
Uma inovação que promete contribuir muito com a continuidade e expansão desse mercado.
E você, já está inserido no mundo dos NFTs para aproveitar as oportunidades que surgirão? Deixe sua opinião ou sua dúvida e compartilhe esse artigo para que mais pessoas conheçam essa novidade.