Escassez de chips para carros vai diminuir, mas crise deve atingir smartphones, dizem executivos
A escassez de semicondutores que atingiu o mundo pode durar até 2022 e atingir a produção de smartphones em seguida, prenunciando o fornecimento deficiente para uma variedade de eletrodomésticos e equipamentos industriais, disseram executivos da indústria e um economista.
O setor automotivo foi o que mais sofreu este ano, mas a oferta para o setor pode melhorar relativamente em breve, com a China ocupando parte da demanda de produção que Taiwan não conseguiu atender, disse a economista-chefe do ING para a China continental, Iris Pang, ao Reuters Global Markets Forum esta semana.
As empresas taiuanesas de semicondutores aumentaram a produção na China depois de sofrerem apagões e com as medidas de distanciamento social que interromperam a produção e prejudicaram operações portuárias em Taiwan, disse.
“A China ganhou 5% com a escassez de chips em termos de PIB – as empresas de semicondutores de Taiwan planejaram bem e construíram grandes fábricas na China continental”, disse Pang, prevendo que os fabricantes de smartphones serão o próximo segmento a enfrentar interrupções.
“As empresas taiuanesas estão fabricando chips para automóveis, então a escassez de chips deve ser resolvida em algumas semanas, mas o problema de falta de microprocessadores para outros eletrônicos persiste”, disse Pang, acrescentando que isso pode atrasar o lançamento de alguns novos modelos de smartphones.
A ASML, um dos maiores fornecedores mundiais de fabricantes de semicondutores, aumentou perspectivas de vendas esta semana devido a encomendas fortes, já que gigantes de chips como TSMC e Intel correram para aumentar a produção.
A crise de oferta mais ampla pode durar até o segundo trimestre de 2022, disse Adam Khan, fundador da AKHAN Semiconductor, embora tenha notado que esse cronograma é “ambicioso”.
Andrew Feldman, presidente-executivo da startup de chips Cerebras Systems, concorda com essa visão, dizendo que os fornecedores estão citando prazos de entrega de até 32 semanas para novos chips e componentes.
Pang, do ING, disse que mesmo os mineradores de criptomoedas estão procurando maneiras de reciclar chips “usados”, o que implica que a escassez não está acabando.
A maior demanda por chips, alimentada por compras pontuais para atender às necessidades de trabalho em casa e a demanda contínua por smartphones e outros eletrônicos, deve estimular o investimento e o crescimento no setor.
A indústria de chips pode crescer entre 21% a 25% em 2021, com “os eletrônicos tendo seu melhor desempenho desde 2010”, disse Dan Hutcheson, presidente-executivo da VLSI Research, que é focada em semicondutores.