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Escassez de água começa a afetar maior produtor de cobre

20 ago 2021, 12:52 - atualizado em 20 ago 2021, 12:53
BHP Billiton
No Chile, esta semana uma mina da BHP recebeu a ordem para suspender o bombeamento de água subterrânea por três meses (Imagem: REUTERS/Kim Kyung-Hoon/Foto de arquivo)

A escassez de água começa a ameaçar a produção de cobre em um país que responde por mais de 25% da oferta global.

No Chile, esta semana uma mina da BHP recebeu a ordem para suspender o bombeamento de água subterrânea por três meses, enquanto a Antofagasta alertou que vai produzir menos do que o esperado este ano em meio a restrições de abastecimento de água.

Embora a mina Cerro Colorado da BHP seja uma pequena operação perto do fim de vida útil e o corte projetado pela Antofagasta não seja enorme, os problemas destacam os desafios de minas em operação em um dos desertos mais secos do mundo. Minas de cobre bombeiam água de aquíferos subterrâneos há décadas, muitas vezes em detrimento das comunidades locais.

A questão ganhou destaque recentemente, à medida que o deserto se expande para o sul em meio a uma seca de uma década, potencialmente agravada pelo aquecimento global.

O setor respondeu intensificando os esforços para usar água do mar, que deverá responder por quase metade do consumo total de água do segmento até 2031.

O Chile agora redige uma nova Constituição na esteira de protestos em massa contra injustiças sociais, e parlamentares pressionam por reformas em um sistema de água que depende muito da iniciativa privada e das forças do mercado para alocar direitos e prestar serviços.

Nesse contexto, um tribunal ambiental tomou a surpreendente medida de bloquear, ainda que temporariamente, o uso do aquífero Lagunillas pela mina Cerro Colorado a partir de 1º de outubro, em resposta a uma ação que acusa a operação de dano ambiental.

A empresa disse que vai “avaliar os cursos de ação com base nos instrumentos previstos no marco legal e tomar ações operacionais para cumprir as medidas que estiverem disponíveis”.

A menor das três minas de cobre da BHP no Chile enfrentam oposição de comunidades locais por causa do uso de água subterrânea.

No ano passado, a empresa anunciou planos para diminuir as operações, efetivamente antecipando uma redução programada antes do término de 2023 de suas licenças. Na época, a empresa disse que continuaria a explorar opções para estender a mineração além de 2023 usando água do mar.

A menor das três minas de cobre da BHP no Chile enfrentam oposição de comunidades locais por causa do uso de água subterrânea (Imagem: Pixabay)

A Antofagasta agora espera produzir entre 710 mil a 740 mil toneladas de cobre este ano frente à previsão anterior de 730 mil a 760 mil toneladas.

A empresa de Santiago está construindo uma dessalinizadora, mas que só entrará em operação no segundo semestre de 2022, colocando em risco outras 50 mil toneladas de produção de cobre no próximo ano.

“Este ano foi o mais seco de uma estiagem de 12 anos no Chile”, disse a Antofagasta em comunicado na quinta-feira. “Considerando que a estação chuvosa tradicional vai de junho a setembro, é cada vez mais provável que os baixos níveis de precipitação continuem até pelo menos o inverno no hemisfério sul do próximo ano.”