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Escalada da JBS dá ao BNDES sinal verde para venda

13 ago 2019, 13:31 - atualizado em 13 ago 2019, 13:31
BNDES
Maior acionista da JBS depois da família Batista, o BNDES desempenhou papel crucial na expansão da companhia no exterior (Arquivo/Agência Brasil)

A disparada das ações da JBS pode dar um impulso ao processo de venda de ativos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

A maior produtora de carnes do mundo tornou-se uma das primeiras opções na lista de empresas públicas e estatais que o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar) pode vender como parte de um processo mais amplo de desestatização, afirmou uma pessoa com conhecimento direto do assunto, sob condição de anonimato.

A múlti brasileira, vista por analistas como uma das principais beneficiárias de uma ruptura na oferta de carne suína na Ásia, teve alta de 225% ao longo do último ano — de longe, o melhor desempenho entre os produtores globais de carne, segundo dados da Bloomberg. Com isso, a fatia de 21,3% que o BNDESPar detém na companhia atingiu o valor recorde de R$ 16,8 bilhões, ante apenas R$ 5 bilhões um ano atrás. O número é ainda quase três vezes o valor patrimonial do investimento do BNDESPar na companhia.

Além disso, a avaliação da JBS — medida pelo chamado Valor da Firma sobre o Ebitda projetado pelos analistas — está 34% acima da média dos últimos cinco anos, segundo dados compilados pela Bloomberg. Outras grandes investidas do BNDES, como a Petrobras e a Vale, são atualmente negociadas com um desconto em relação aos múltiplos dos últimos anos.

A JBS, que também possui operações na América do Norte, Europa e Austrália, deve se beneficiar de uma doença que está comprometendo a oferta de carne suína na China, maior consumidora da proteína. A empresa ressurgiu após o escândalo detonado em 2017 pela delação premiada dos irmãos Batista, seus controladores, nomeando novos executivos, apresentando resultados melhores do que os esperados e reduzindo seu endividamento.

Gustavo Montezano, o novo presidente do BNDES, tem prometido vender rapidamente os quase R$ 110 bilhões em participações acionárias detidas pelo BNDESPar. Entre as empresas que integram a carteira do banco também estão o segundo maior fornecedor de carne bovina do mundo, a Marfrig, e a Suzano, a maior produtora de celulose de fibra curta.

Maior acionista da JBS depois da família Batista, o BNDES desempenhou papel crucial na expansão da companhia no exterior. O banco estatal injetou R$ 5,6 bilhões no frigorífico para a aquisição da Swift, em 2007, dos ativos de carne bovina da Smithfield Foods, em 2008, e da produtora de aves Pilgrim’s Pride, em 2009. Outros R$ 2,5 bilhões haviam sido colocados no Bertin, que foi adquirido pelo império dos Batistas em 2009.

Com esses aportes, o BNDES chegou a possuir 931 milhões de ações da JBS, ou 31,4% do total, o que indica um preço médio de aproximadamente 8,70 reais para cada ação adquirida. Hoje, o banco estatal detém 582 milhões de ações.

Polêmica, a relação entre a JBS e o BNDES se tornou alvo do Tribunal de Contas da União, que em 2015 apontou evidências de “tratamento especial” pela instituição financeira — algo que tanto JBS quanto BNDES negaram reiteradamente. Em 2017, Joesley Batista admitiu o pagamento de propinas em transações com o banco estatal.

O BNDES não respondeu imediatamente a perguntas sobre um possível desinvestimento na JBS.

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