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Erro de US$ 900 milhões no Citi coincide com troca de fornecedor

30 ago 2020, 9:00 - atualizado em 26 ago 2020, 12:25
Citigroup Citibank
Uma revisão interna no banco concluiu que os culpados foram seres humanos que operavam manualmente o software antigo (Imagem: Reuters/Chris Helgren)

Durante anos, o Citigroup foi uma anomalia entre os grandes bancos, contando com um software obscuro que ajudou a desenvolver para administrar os pagamentos de empréstimos. Quando tentou substituí-lo, o resultado deu terrivelmente errado.

A saga começou a se desenrolar na Justiça dos EUA esta semana. A instituição atribui a erro humano o envio equivocado de US$ 900 milhões para um punhado de fundos de hedge que agora relutam em devolver o dinheiro.

Mas o motivo basal, segundo pessoas com conhecimento do que aconteceu, envolve uma tecnologia misteriosa que remonta à década de 1990.

O problema culmina com a decisão do banco, no ano passado, de substituir o software pelo que é usado como padrão pelo setor. Essa implementação ainda está em andamento, complicando um momento em que os funcionários estão trabalhando de casa.

Uma revisão interna no banco concluiu que, em última análise, os culpados foram seres humanos que operavam manualmente o software antigo e que o fato de estarem em trabalho remoto não foi a causa, disse uma das fontes, que solicitou anonimato para discutir assuntos confidenciais.

Ainda assim, a pandemia global representa no mínimo um período difícil para o Citi embarcar em uma transição tão complexa.

“Mudar de um provedor para outro é um projeto muito grande”, disse Marc Victory, gestor do segmento de serviços financeiros da consultoria Sia Partners. “Alterações em fornecedores são muito complicadas e difíceis”.

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Falha de Backstop

O banco logo recuperou centenas de milhões de dólares dos destinatários (Imagem: Simon Dawson/Bloomberg)

O incidente aconteceu em uma unidade do Citigroup que funciona como agente administrativa de empréstimos, cobranças, distribuição de pagamentos de juros e outros serviços práticos do dia a dia.

A devedora em questão, a gigante de cosméticos Revlon, travava uma batalha com credores que exigiam seu dinheiro de volta.

Depois que a Revlon recomprou parte da dívida, um funcionário do Citigroup deveria ter ajustado manualmente a parcela do empréstimo que ainda estava nas mãos dos credores restantes, antes do envio de pagamentos de juros programados para o final do mês.

Mas o funcionário não selecionou as opções corretas no sistema, permitindo que o empréstimo fosse pago integralmente com juros. O erro passou batido por colegas responsáveis por identificá-lo.

“Infelizmente, as verificações manuais daquela escolha também não detectaram o erro”, escreveu o Citigroup na documentação submetida à Justiça.

O banco logo recuperou centenas de milhões de dólares dos destinatários, mas um grupo que recebeu a maior parte do dinheiro se recusou a devolvê-lo, forçando o banco a iniciar uma batalha jurídica embaraçosa.

Nos bastidores, autoridades reguladoras têm incentivado o banco nos últimos anos a investir na melhoria das operações de empréstimo, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

Por muito tempo, o Citi usou a tecnologia Flexcube, atualmente controlada pela Oracle, para processamento de empréstimos. Mas depois de uma revisão, decidiu migrar para o sistema Loan IQ, da Finastra Group Holdings, adotado pela maioria dos outros grandes bancos.