Ericsson vê 5G acirrar concorrência no Brasil e mira liderança
Ericsson AB espera tirar vantagem da sua liderança no mercado brasileiro de telecomunicações para superar a concorrência cada vez mais acirrada conforme o país se prepara para sediar um dos maiores leilões de espectro do mundo para a nova tecnologia 5G.
A empresa sueca, que já detém uma fatia de mais de 52% em tecnologias móveis no Brasil, está construindo uma nova linha de montagem em sua fábrica de São José dos Campos que fornecerá equipamentos de 5G para todas as operações do grupo na América Latina, disse Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson Latam South, em entrevista.
“Estamos fazendo a instalação final de equipamentos importados e esperamos que a nova linha de montagem esteja operando a todo vapor no segundo semestre”, afirmou Ricotta. De acordo com ele, a companhia já exporta cerca de 40% dos equipamentos montados no Brasil para os demais países da região.
A Ericsson estima as potenciais receitas com digitalização no Brasil em cerca de R$ 391 bilhões, dos quais R$ 153 bilhões devem vir da adoção do 5G em 10 setores, incluindo saúde, energia, agricultura, serviços financeiros, mídia, entre outros.
O leilão de espectro para quinta geração da tecnologia móvel, que foi adiado várias vezes em relação à data inicial de março de 2020, agora deve ocorrer até julho deste ano e compreenderá quatro frequências: 3,5 GHz, 2,3 GHz, 700 MHz e 26 GHz.
Ricotta considera o cronograma proposto factível e vê condições para o Brasil alcançar outros países na América Latina que deram a largada mais cedo na corrida pelo 5G. “Chile, por exemplo, está bem na frente e já começou a instalação do 5G esse ano”, disse o executivo.
A Agência Nacional de Telecomunicações espera que a nova tecnologia esteja disponível em todas as capitais do país até meados de 2022.
As regras propostas para o processo licitatório, que ainda estão sujeitas à aprovação do Tribunal de Contas da União, precisam ser cuidadosamente estudadas, mas as características gerais do leilão sem viés arrecadatório são positivas, disse Ricotta.
A expansão da linha de produção faz parte dos planos da Ericsson de investir R$ 1 bilhão no Brasil até 2025 e ocorre num momento em que novos concorrentes entram na disputa enquanto os esforços dos EUA para excluir a gigante chinesa Huawei Technologies Co. das redes 5G ainda não surtiram efeito no Brasil.
O edital do leilão não proíbe as operadoras brasileiras de usar equipamentos da Huawei para fins comerciais, mas as obriga a construir para o governo uma rede privada com padrões de segurança que, segundo o ministro das Comunicações, Fabio Faria, a fabricante chinesa não deve satisfazer.
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“Não vamos entrar nas questões geopolíticas, mas vamos brigar para prover essa rede para o governo independentemente de quantos players houver na disputa”, afirmou Ricotta.
A Ericsson já fechou 131 contratos com operadoras no mundo todo para fornecer equipamentos de 5G, segundo ele. Até o momento, 79 das redes 5G já ativadas globalmente utilizam tecnologia sueca, o que confere ao grupo uma participação de aproximadamente 55% do total de redes comerciais em operação.