Brasil

Erdogan é a Dilma da Turquia

15 ago 2018, 17:09 - atualizado em 15 ago 2018, 17:18
Tayyip Erdogan, presidente da Turquia

A crise na Turquia pode parecer um pouco complicada de ser compreendida, mas os brasileiros podem lembrar de um caso recente muito conhecido para entender o que se passa por lá, o de Dilma Rousseff. Basicamente, o presidente do país, Tayyip Erdogan – que nomeou o seu genro para ministro das Finanças, tem forçado a manutenção do juro em níveis baixos a despeito do avanço da inflação. É a receita do populismo.

A relação entre juros e inflação é bem conhecida dos economistas e do público geral e é inversa. “Nenhum país emergente enfrenta desafios idênticos aos da Turquia. Até onde sabemos, a Turquia é o único país do grupo cujo presidente acredita que o aumento das taxas de juros causa inflação. Além disso, nenhum outro tem o estranho quadro de política monetária da Turquia”, destaca Jan Dehn, gestor da britânica especializada em emergentes Ashmore.

A lira turca já perdeu perdeu quase 40% contra o dólar neste ano e despencou para a mínima de 7,24 na segunda-feira. Desde lá a moeda se recuperou um pouco, em parte porque o ministro Berat Albayrak prometeu um Banco Central independente e aumentou os custos dos empréstimos sem elevar a taxa de juros oficial.

Ainda assim, lembra Dehn, a semelhança do país com os outros emergentes está no peso político do controle do presidente sobre a política monetária. Ele lembra, por exemplo, que a Argentina está lutando com um legado de excesso de estímulo à demanda durante a era Kirchner. Lá, contudo, o governo de Buenos Aires tem sido relativamente rápido em reconhecer o problema e agora está buscando assistência do FMI.

A comparação mais coerente, contudo, parece ser com o Brasil. A ex-presidente, como se sabe, tinha enorme influência no BC e suprimiu os preços administrados por anos até culminar na recessão e forte correção dos preços. “Como a Turquia, o Brasil também recorreu fortemente ao Banco Central para manter as taxas baixas por um tempo durante o governo Dilma Rousseff, mas depois se livrou de seu governo corrupto de maneira pacífica e constitucional, e desde então voltou à ortodoxia”, destaca. 

Fica a dica.