Economia

Equipe econômica admite reajustar salário mínimo a R$ 1.320 e vê custo de até R$ 5 bi

03 fev 2023, 16:59 - atualizado em 03 fev 2023, 16:59
Litígio Zero
Após a aprovação da PEC da Transição para flexibilizar o teto de gastos, o governo eleito conseguiu incluir no Orçamento 6,8 bilhões de reais (Imagem: Agência Brasil/Marcello Casal Jr)

O Ministério da Fazenda passou a admitir um reajuste adicional no salário mínimo e agora faz contas para levar o piso nacional de 1.302 reais a 1.320 reais a partir de maio, disseram à Reuters duas fontes da equipe econômica, em uma medida com custo estimado em até 5 bilhões de reais no ano.

A decisão consolida uma mudança na posição do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que busca uma melhora na situação fiscal do país e argumentava que o piso de 1.302 reais fixado pelo governo Jair Bolsonaro para 2023 e em vigor desde janeiro representava um aumento acima da inflação, o que significava que o governo já havia cumprido sua promessa de dar ganho real aos trabalhadores.

De acordo com as fontes que acompanham a negociação das medidas, uma revisão dos gastos do governo neste ano abrirá margem para que o novo aumento seja concedido. Entre os fatores, está a reavaliação dos beneficiários do programa Bolsa Família, com combate a fraudes.

“O salário mínimo está mais fácil de acomodar. Se for dar um aumento em maio para chegar a 1.320 reais, que seria o desejo de todos, seria mais ou menos 5 bilhões de reais”, disse uma delas, sob condição de anonimato.

Segundo essa autoridade, o impacto exato no Orçamento dependerá de uma avaliação sobre a velocidade de liberação de benefícios na fila do INSS. Em cenário mais otimista para as contas, o custo poderia ficar mais próximo de 3 bilhões de reais, afirmou.

O retorno dos reajustes anuais do salário mínimo acima da inflação, que deixaram de existir no governo Bolsonaro, foi promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O salário mínimo está mais fácil de acomodar. Se for dar um aumento em maio para chegar a 1.320 reais, que seria o desejo de todos (Imagem: Pixabay/joelfotos)

Em dezembro, após a aprovação da PEC da Transição para flexibilizar o teto de gastos, o governo eleito conseguiu incluir no Orçamento 6,8 bilhões de reais para levar o salário mínimo a 1.320 reais a partir de janeiro.

No entanto, após constatar uma aceleração na liberação de benefícios do INSS em 2022, o novo governo afirmou que essa verba havia sido consumida.

Usando o argumento de que os recursos para essa finalidade se esgotaram, Haddad disse em janeiro que o piso em vigor desde o início do ano já representa um ganho de 1,4% acima da inflação do ano passado.

Ele argumentou que, com isso, Lula já cumpriu sua promessa de dar ganho real neste ano, ressaltando que o compromisso também será cumprido nos próximos três anos.

Dias depois, o ministro afirmou que um eventual aumento adicional dependeria da vazão na fila do INSS e de negociação com centrais sindicais.

O reajuste impacta as contas do governo porque uma série de benefícios previdenciários estão vinculados a esse valor e são reajustados automaticamente quando o governo aumenta o salário mínimo.

O valor de 1.320 reais representava, em janeiro, um aumento real de 2,98% sobre o valor do salário mínimo que vigorou até dezembro, de 1.212 reais.

No mês passado, Lula afirmou que o piso nacional nos próximos anos deve ser reajustado de acordo com o crescimento da economia e criou um grupo de trabalho para definir uma nova política de reajuste, além de estabelecer o valor que será aplicado este ano.

reuters@moneytimes.com.br