Vacinas

Equipe de vacina da Rússia negocia acordo com China para ensaio

05 fev 2021, 8:07 - atualizado em 05 fev 2021, 8:07
Embora o programa da Sputnik V já tenha mostrado eficácia usando diferentes vetores para suas duas doses, enfrentou desafios para aumentar a produção devido ao ambicioso plano de distribuição (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Após a validação global da eficácia de suas vacinas contra a Covid-19, desenvolvedores russos estão em negociações com a chinesa CanSino Biologics para testar um regime combinado de seus imunizantes para melhor proteção contra novas variantes do coronavírus, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

O Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF, na sigla em inglês), parceiro do programa da vacina Sputnik V, firmou acordo preliminar com a CanSino, com sede em Tianjin, e com a Petrovax Pharm, controlada pelo bilionário Vladimir Potanin, para realizar testes na Rússia, disseram quatro pessoas que não quiseram ser identificadas. A Petrovax é parceira da CanSino na Rússia.

As empresas negociam o modelo do ensaio que substituirá a segunda dose da Sputnik pela vacina da CanSino e podem anunciar um plano ainda neste mês, disseram as fontes. Porta-vozes da Petrovax e do RDIF não quiseram comentar, tampouco a CanSino.

Os pesquisadores avaliam se a combinação de diferentes vacinas de desenvolvedores em um regime de duas doses produz resultados tão bons ou melhores do que usar o mesmo produto como reforço.

Essa flexibilidade pode ajudar a aliviar a pressão sobre fabricantes de vacinas, caso tenham dificuldades de produção.

Embora o programa da Sputnik V já tenha mostrado eficácia usando diferentes vetores para suas duas doses, enfrentou desafios para aumentar a produção devido ao ambicioso plano de distribuição.

A perspectiva de uma parceria Rússia-China pode oferecer uma nova ferramenta a países em desenvolvimento para combater a pandemia e aumentar a influência geopolítica dos dois gigantes, já que os principais países ocidentais continuam preocupados com suas próprias crises.

Essa flexibilidade pode ajudar a aliviar a pressão sobre fabricantes de vacinas, caso tenham dificuldades de produção (Imagem: Mary Altaffer/Pool via REUTERS)

Outros planos de parcerias também avançam: a Universidade de Oxford planeja iniciar um ensaio combinando vacinas da AstraZeneca e da Pfizer, enquanto a Rússia começará a testar uma combinação da Sputnik V com a vacina da AstraZeneca nos Emirados Árabes Unidos e no Azerbaijão na próxima semana.

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Mais eficazes

O RDIF e o Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, que desenvolveu a Sputnik V, estão dispostos a cooperar com outros produtores para tornar suas vacinas mais eficazes, disse Kirill Dmitriev, diretor-presidente do RDIF, codesenvolvedor da Sputnik V, em entrevista no início desta semana.

Dmitriev disse que havia planos de cooperação da Sputnik V com uma fabricante chinesa de vacinas, embora não tenha identificado a empresa.

A vacina russa mostra 91,6% de eficácia, de acordo com análise preliminar revisada por pares e publicada na revista médica The Lancet em 2 de fevereiro.

A CanSino se prepara para divulgar dados provisórios de eficácia antes do Ano Novo Lunar, em 12 de fevereiro. Outras vacinas líderes da China apresentaram menores taxas de proteção, variando de 50% a 80%.

Dmitriev disse que havia planos de cooperação da Sputnik V com uma fabricante chinesa de vacinas, embora não tenha identificado a empresa (Imagem: Reuters/Sergey Pivovarov)

“A Sputnik V foi a primeira vacina que ofereceu o chamado reforço heterogêneo, usando dois vetores diferentes para duas doses”, disse Dmitriev. “Somente esta abordagem pode ajudar a combater novas cepas do vírus.”

A Sputnik V usa dois vetores diferentes de adenovírus humano para suas doses, sendo que o segundo é o mesmo da plataforma de adenovírus da CanSino. A vacina chinesa conduz atualmente ensaios globais da Fase 3, incluindo na Rússia com a Petrovax.