Internacional

Equilíbrio de poder entre emergentes aponta para Ocidente

30 nov 2020, 11:30 - atualizado em 30 nov 2020, 11:30
A América Latina emerge como líder, com as melhores perspectivas para ações, queda mais forte dos rendimentos de títulos e maiores ganhos de carry trade – estratégia de emprestar a juros baixos e aplicar em países com retornos mais altos (Imagem: Unsplash/@zhangkaiyv)

O foco da recuperação de mercados emergentes agora aponta para a América Latina, Leste Europeu, Oriente Médio e África.

Desde a onda vendedora de março, a China e seus pares asiáticos têm puxado a recuperação em ações, títulos e moedas. Agora, o menor risco político nos Estados Unidos e o avanço das vacinas animam investidores a buscarem retornos mais altos e valuations baratos, o que coloca a Ásia como lanterninha neste mês.

A América Latina emerge como líder, com as melhores perspectivas para ações, queda mais forte dos rendimentos de títulos e maiores ganhos de carry trade – estratégia de emprestar a juros baixos e aplicar em países com retornos mais altos. Taxas de juros mais altas em relação à Ásia e o potencial de uma recuperação adiada da atividade econômica dão vantagem à região.

Ações

As ações da América Latina avançaram três vezes mais rápido que as asiáticas neste mês, e analistas recompensam a região ao elevar as estimativas de lucro no mesmo ritmo relativo. A região EMEA de mercados emergentes é cerca de duas vezes mais forte que a Ásia, tanto em ganhos de preços quanto em aumento das estimativas de lucro.

Títulos

Uma ampla recuperação dos títulos tomou forma desde o final de agosto, sugerindo que o desempenho superior de mercados não asiáticos não é temporário. Os títulos latino-americanos em dólares reduziram os rendimentos em 100 pontos-base, em média, nesse período, enquanto o yield dos títulos asiáticos aumentou 13 pontos-base. O retorno da região EMEA caiu 33 pontos-base.

Moedas

O novo apetite por risco é mais claro em moedas de mercados emergentes. As chamadas moedas de beta alto, as taxas de câmbio voláteis de países como Brasil e África do Sul, lideram os ganhos. Operadores de carry trade que apostam na queda do dólar estão ganhando quatro vezes mais no Brasil do que na China.

Os fatores positivos de mercados emergentes que favorecem as classes de ativos e regiões mais arriscadas ainda podem estar presentes em 2021, desde que a recuperação econômica esperada se materialize e a pandemia seja controlada. Caso contrário, o próximo choque de realidade poderia gerar perdas proporcionalmente maiores para a América Latina e EMEA.