EPE aponta potencial de quase 700 GW para geração eólica no mar brasileiro
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) identificou ventos favoráveis no Brasil para o desenvolvimento de projetos de energia eólica no mar, as chamadas usinas offshore, em toda a extensão da Zona Econômica Exclusiva, com destaque para algumas áreas nos litorais das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
Estudos preliminares da estatal, ligada ao Ministério de Minas e Energia, apontaram potencial para a geração de 697 gigawatts, para ventos com velocidade entre 7 e 7,5 metros por segundo.
Para se ter uma ideia do potencial, o país conta atualmente com 15,5 GW em capacidade instalada de geração eólica, mas não tem nenhum parque offshore, segmento que tem se desenvolvido no exterior.
As estimativas sobre o potencial fazem parte de estudo em desenvolvimento pela EPE chamado “Roadmap Eólicas Offshore 2035”, e serão discutidas na próxima semana no congresso internacional OTC Brasil 2019, historicamente focado em petróleo e gás, mas que abriu neste ano debates relacionados a energias renováveis.
“A expectativa da EPE é a de que o Roadmap permita a identificação dos elementos necessários para a viabilização de projetos eólicos offshore no médio prazo no país”, disse a analista de pesquisa energética da Diretoria de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE Mariana Espécie, em nota conjunta enviada por EPE e OTC à Reuters.
No Sudeste, os Estados apontados como de maior potencial são Rio de Janeiro e Espírito Santo, enquanto no Sul foram destacados Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A expectativa da EPE é que o Roadmap, que ainda está em elaboração, traga discussões sobre aspectos tecnológicos, regulatórios, ambientais e os custos associados, além de considerações relacionadas à conexão desses empreendimentos ao Sistema Interligado Nacional.
A discussão no congresso OTC Brasil poderá ser promissora, uma vez que grandes petroleiras globais têm voltado seus olhos para projetos de energias renováveis. Mas não é só isso.
Mariana Espécie, que participará de uma mesa sobre o tema na OTC, afirmou na nota acreditar que a troca de experiência e as informações reunidas pela indústria de petróleo são importantes para a análise da viabilidade econômica de um projeto eólico offshore.
Isso porque o setor petroleiro tem muita informação acumulada sobre o leito do fundo do mar, sedimentos, correntes e outros aspectos fisiográficos em áreas offshore brasileiras.
“No caso de um futuro aproveitamento do recurso eólico offshore, essas informações poderão ser úteis para refinar análises de custos e definir quais tecnologias, especialmente em relação ao tipo de fundação, são mais adequadas para cada contexto”, disse Mariana.
A analista destacou que duas das três áreas de maior potencial eólico vêm sendo estudadas pela indústria do petróleo há décadas: os litorais do Nordeste, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Como exemplo de iniciativa, a Petrobras (PETR3;PETR4) assinou em setembro do ano passado passado um memorando de entendimento com a norueguesa Equinor para possíveis investimentos conjuntos em eólicas offshore no Brasil.
As energias renováveis não estão na pauta prioritária da Petrobras, que está focando na exploração e produção de petróleo. No entanto, a petroleira segue estudando o tema.
O chairman da OTC Brasil 2019, Marcos Assayag, destacou também que a indústria offshore está atenta às oportunidades criadas pela transição energética para uma energia de baixo carbono.
“Daí a programação sobre renováveis offshore que, este ano, pela primeira vez na história, entrou na agenda, primeiro em Houston e agora aqui no Brasil”, afirmou. “Teremos um painel concorrido, com 11 participantes, inclusive representantes da Petrobras e da Equinor, que já atua nesse setor na Europa.”