BusinessTimes

Entrevista: Terra Santa Agro tira proveito de guerra comercial com derivativos complexos

30 set 2019, 11:54 - atualizado em 30 set 2019, 11:54
Terra Santa Agro Empresas Agronegócio
Empresa aproveita volatilidade dos preços das commodities causado pelo embate comercial EUA-China (Imagem: Facebook oficial)

A Terra Santa Agro (TESA3 ), uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, vem usando mais derivativos complexos visando se defender e ganhar com a volatilidade dos preços decorrente da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que vem impulsionado as exportações de grãos do Brasil desde 2018, disse o diretor-presidente da companhia.

“A guerra comercial traz incertezas, mas temos que aproveitar os momentos, e para isso temos de estar protegidos”, disse José Humberto Prata Teodoro Jr., em entrevista à Reuters.

Ele afirmou que a companhia já fechou vendas de mais de 50% da soja da nova safra (2019/20) por meio de operação denominada “acumulador”, que ficam atrativas quando o mercado está volátil, como acontece em meio a declarações de Donald Trump, que um dia acena com a possibilidade de um acordo com a China e no outro torna isso mais distante.

“Fica bom de fazer essas operações quando a volatilidade sobe”, destacou Teodoro Jr., ao comentar o uso de contratos de opções de compra e venda, entre outros, para “hedgear” preços de soja e algodão.

O CEO explicou que, para a soja, a companhia montou posições em derivativos com vencimentos diários, que ao final, segundo ele, podem transformar-se em negócios a um preço maior.

No ano passado, a empresa fez a maior parte das vendas com uma gestão de hedge em que a fixação do futuro e do “basis premium” aconteceu em momentos distintos.

Já na safra atual, diante do grande risco de descasamento das posições de basis premium com o contrato futuro –que normalmente vão na direção oposta– a companhia mudou a estratégia. “Fizemos alguns contratos de ‘collar’ e ‘accumulators’ a custo zero.”

Algodão

No caso do algodão, que responde por cerca de metade da receita da Terra Santa, a empresa já comercializou algo como 70% de colheita esperada em 2019/20, sendo aproximadamente 20% com preços de cerca de 70 centavos de dólar por libra-peso, enquanto os preços de tela estão em torno de 60 centavos.

A maior parte das vendas do algodão, ou cerca de 40% do total já comercializado, foi travada por meio de “collar” com um conjunto de operações que garantem um preço mínimo na casa de 60-63 centavos por libra e preço máximo na casa dos 68-72 centavos por libra.

Uma outra parte do volume travado antecipadamente (10%) foi por meio da operação de “acumulador”, com preço mínimo entre 60-62 centavos por libra-peso e preço de fixação entre 66-69 centavos por libra-peso.

Em agosto, a companhia informou que pretende ampliar o plantio de algodão para quase 40 mil hectares, ante 35,9 mil hectares na temporada anterior.

Planos Mantidos

O atraso nas chuvas para o plantio em Mato Grosso está sendo monitorado de perto, mas a questão climática por ora não muda os planos da Terra Santa Agro, que vai plantar todo seu algodão na segunda safra, após a colheita da soja.

O cumprimento do cronograma da soja, cujo plantio já foi iniciado pela companhia, é importante para a cultura do algodão, uma vez que a fibra precisa ser semeada em janeiro, aproveitando o melhor regime de chuvas.

No caso da soja, a área plantada projetada terá redução para 80,7 mil hectares, ante 91 mil hectares na temporada anterior.

O plantio de soja, disse Teodoro Jr., foi iniciado no dia 22 de setembro em Mato Grosso, maior Estado produtor do Brasil, onde a companhia conta com sete unidades.

Segundo ele, a Terra Santa prevê terminar o mês de setembro com plantio de 10 mil a 12 mil hectares de soja, ante cerca de 14 mil hectares em setembro de 2018.

O milho, também cultivado na segunda safra, terá um plantio menor que no ano passado, e deve ocupar quase 24 mil hectares.

Terra Santa Agro vai plantar todo seu algodão na segunda safra, após a colheita da soja (Imagem: Pixabay)

Oportunidades

A empresa, que conseguiu reduzir em 14,9% o endividamento bancário ao final do segundo trimestre, ante março de 2019, para 731,6 milhões de reais, avalia que a baixa da taxa Selic para mínimas históricas abre oportunidades para vendas de ativos.

“As pessoas estão buscando outras oportunidades de investimentos, e ativos reais vão se valorizar, o preço da terra vai começar a subir “, disse Teodoro Jr.

A companhia, que planeja vender uma fazenda avaliada em 40 milhões de reais, vê a conjuntura econômica ajudando no fechamento de um bom negócio.

A Terra Santa, que tem entre seus principais acionistas a Bonsucex, do investidor Sílvio Tini, com 40% de participação, a Laplace, de Renato Carvalho, com mais de 20%, e a Gávea Investimentos, de Armínio Fraga, está se preparando para captar as oportunidades de mercado.

Segundo o diretor-presidente, problemas de inadimplência e uma onda de recuperações judiciais entre os produtores de grãos aumentaram a oferta de crédito para tomadores mais sólidos, podendo ainda impulsionar uma consolidação no segmento de grãos.

“Quem tem acesso a mercado de capitais, tem a chance de ser um consolidador”, afirmou ele, evitando elaborar sobre o assunto.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar