Entrevista: Tecnologia traz ganho real ao plantio da Suzano, diz diretor de inovação
Em meio a um momento ímpar no mercado, a Suzano (SUZB3) aposta cada vez mais na tecnologia para manter a produtividade florestal de maneira sustentável, comenta o diretor executivo de Inovação e Tecnologia Fernando Bertolucci.
Enquanto os preços da celulose são negociados a níveis recordes, sobretudo na China, e o dólar se mantém acima dos R$ 5, a companhia investe em gatilhos capazes de reduzir efetivamente os riscos às operações e de diminuir consideravelmente a volatilidade em torno da produtividade.
O cenário está tão favorável que a Suzano deve retomar em breve sua política de dividendos, segundo apurou o Agro Times.
“Nós desenvolvemos a ferramenta Tetrys no último ano. Trata-se de uma evolução em analytics, big data e inteligência artificial, que nos permite fazer a avaliação de inúmeros cenários para definir a melhor alocação da planta clone no meio ambiente“, introduz Bertolucci sobre o projeto com pegada biotecnológica desenvolvido pela Suzano.
Após ter recebido ênfase no Dia com Investidor, evento realizado pela Suzano no mês passado, o Tretys emprega ferramentas digitais e bioinformática que permite a escolha de clones com base no DNA, trazendo melhor custo/benefício e maior competitividade e resiliência de sua base florestal.
O Tetrys, por exemplo, já está sendo aplicado em 100% dos plantios realizados em 2021 e ajudará a reduzir ainda mais o raio médio das florestas que abastecem as fábricas da companhia.
“Estimamos um ganho de 2% em nossa produtividade florestal, o que é um número significativo diante de nossa atual produtividade, que já está entre as mais elevadas para plantios de eucalipto no mundo”, destaca o executivo ao Agro Times.
Geração de clones
Com um avanço significativo em melhoramento florestal, mais especificamente a partir de bioinformática a marcadores moleculares, a Suzano tem hoje cerca de 300 mil árvores candidatas a clones.
Para o executivo, a companhia é detentora, provavelmente, do maior programa de melhoramento genético de eucalipto de uma empresa privada no mundo.
“Estamos selecionando as árvores que serão os pais ou mães das próximas gerações de clones. Ou seja, estamos trabalhando para identificar as árvores que darão origem aos clones futuros, cada vez mais produtivos e resilientes, para enfrentar o clima de uma região ou uma determinada”, exemplifica Bertolucci.
Já de olho nas mudanças climáticas, o mapeamento já permite eliminar precocemente as candidatas e seus futuros clones que seriam mais suscetíveis a pragas e outros impactos.
Falando em números, a Suzano possui 14 mil clones em seu banco clonal, o que é um importante diferencial competitivo, afirma o diretor.
“No entanto, a escolha do clone certo para cada local não é uma tarefa fácil, por isso desenvolvemos o Tetrys para antecipar e mitigar questões climáticas e fazer o melhor match entre clone e clima, de forma a diminuir a volatilidade da produtividade e riscos à nossa base florestal”, conclui o executivo.
Após o Tretys, a Suzano aumentou em 15 vezes a capacidade de gerar cenários de alocação de clones x ambientes, quando comparado com o procedimento anterior à implantação da nova ferramenta.