Entrevista: “Falar de investimentos virou uma coisa pop”, diz diretor da Ativa
Há três anos, em 2018, se contavam na Bolsa de Valores do Brasil 813 mil investidores pessoa física. De lá para cá, a taxa básica de juros, a Selic, caiu e chegou a mínima de 2,5%, reformas estruturantes, como a da Previdência, foram aprovadas pelo Congresso, e tivemos uma pandemia avassaladora que deixou milhares de mortos e paralisou a economia por meses. Hoje, esse número está na casa dos 3,8 milhões, com perspectivas animadoras de alta.
Em meio a esse crescimento espantoso de 370%, as corretoras tradicionais, antes focadas em grandes investidores institucionais, correram para capturar os CPFs que “invadiram” o mercado de renda variável no Brasil. Esse é exatamente o caso da Ativa Investimentos.
A corretora, que tem 35 anos de mercado e uma longa experiência com grandes bancos, gestoras e fundações, viu a entrada de pessoas físicas ganhar ainda mais força durante a pandemia da Covid-19.
“Cada vez mais brasileiros têm acesso a investimentos e, na pandemia, o interesse por esse assunto cresceu muito. Estamos ampliando o nosso segmento pessoa física, de olho nesse movimento do mercado”, explica o superintendente comercial da Ativa, Daniel Pereira.
Entre março de 2020 e 2021, o faturamento da empresa aumentou 83%, puxado pela elevação das negociações de ativos. Além disso, houve um salto de 29% na negociação de ativos de renda fixa, incluindo debêntures, elevando em 32% o valor total do patrimônio sob custódia.
Investir é pop
Segundo o diretor de relação com o mercado da Ativa, Sylvio Fleury, que conversou com o Money Times, há alguns fatores que explicam essa chegada da pessoa física à Bolsa – e a queda na taxa de juros não é o único motivo. Hoje o acesso aos mercados ficou muito mais simples do que antes, argumenta.
“Enquanto aqui 90% dos clientes estão na mão dos grandes bancos e 10% estão na mão das plataformas abertas no mercado americano é exatamente o contrário. Com as plataformas oferecendo fácil acesso ao cliente via site e aplicativos no celular mudou a dinâmica de como as pessoas investem”, aponta.
Para ele, a taxa de juros em um dígito veio para ficar, o que deixa a renda fixa, como Tesouro Direto, menos atrativa. Segundo o último Boletim Focus, o Brasil deve terminar o ano com uma Taxa Selic de 6,5%, bem abaixo dos 14% de 2016, por exemplo.
Além disso, na visão de Fleury, falar de investimentos hoje se tornou algo pop, muito por conta do avanço das tecnologias, como a popularidade do celular, e das redes sociais.
“Quebrou aquele tabu que só grandes investidores poderiam aplicar seu dinheiro”, completa.
E é justamente nessa área que a Ativa mira para continuar a sua expansão (a corretora espera terminar 2025 com 155 mil clientes, hoje em 56 mil), ocupando espaços como redes sociais, Youtube, Instagram e outras plataformas e ampliando o contato com os “influencers”.
Pensando nisso, a empresa contratou Vinícius Fuzikawa, um dos criadores do NerdCast, para liderar a área de comunicação e marketing. O objetivo é fortalecer o marketing digital da corretora, intensificar a produção de conteúdos e trabalhar em parceria com influenciadores digitais.
“As duas áreas que mais crescem na empresa são a área de TI (tecnologia da informação) e a área comercial. Um quarto da empresa é voltado à TI. Isso dá uma pegada de empresa digital que a gente quer cada vez mais fomentar”, diz.
A Ativa encerrou o ano de 2020 com o dobro de colaboradores na área de tecnologia, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Atualmente, 1 em cada 4 colaboradores da empresa (25%) integra o time de tecnologia.