Entrevista: Dor de cabeça com os boletos? Blu é hub de antecipação de recebíveis
Não seria uma verdadeira mão-na-roda se as empresas, sobretudo varejistas de pequeno e médio porte, pudessem utilizar o valor que fica parado nas maquininhas de vendas como garantia de crédito ou desconto em operações com instituições financeiras.
Desde junho, já é uma realidade que toda transação financeira realizada por meio de cartão de crédito ou débito seja capturada e organizada por uma Registradora. E a fintech Blu já estava preparada para a mudança promovida pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e o Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em 2019, os dois órgãos publicaram duas normas sobre antecipação de recebíveis de cartões de crédito e débito: a Resolução nº 4.734/2019 e a Circular Bacen nº 3.952/2019, que devem revolucionar o setor de pagamentos do Brasil, ao diminuir o spread cobrado nas operações em que os recebíveis são utilizados para Antecipação ou dados como Garantia para Operações de Crédito.
O Money Times teve a oportunidade de bater um papo exclusivo com Rafael Sobral, Diretor de Finanças (CFO), e entender não só como a Blu é pioneira no registro de recebíveis, como também enxerga na nova resolução a oportunidade para ampliar seu modelo de negócio.
“O nosso modelo de negócios e tantos outros irão se beneficiar desta mudança regulatória, que entrou em vigor no mês passado, causando uma disrupção no mundo de pagamentos”, comenta Sobral.
A fintech faz parte do portfólio de companhias, com alto potencial de crescimento, que a G2D Invesments (G2DI33) tem participação, como player no mercado de venture capital, abrindo o acesso dos investidores de varejo às empresas em estágio pré-IPO.
A Blu, fundada em 2012, é uma empresa com presença digital em todo o Brasil com a missão de interligar o varejo e a indústria por meio de soluções financeiras.
Hoje, a companhia já conecta mais de 15 mil varejistas com 2,5 mil fornecedores nos segmentos de móveis, colchões, eletro; óticas; vestuário; eventos, bebidas e alimentos.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista:
Money Times: Quais são os gatilhos de crescimento que a Blu observa com a determinação do BC sobre o registro de recebíveis?
Rafael Sobral: Nos últimos 10 anos, a quebra de exclusividades, pelo Banco Central (BC), entre bandeiras de cartão de crédito e débito com empresas de pagamentos, já forçou a queda das taxas administrativas — o spread cobrado pelos adquirentes dos estabelecimentos comerciais. Mas, ainda assim, havia uma concentração de mercado no segmento de gestão de recebíveis.
Na prática, se você tem uma máquina de vendas da Cielo (CIEL3) e vende parcelado, por exemplo, a agenda de recebíveis futuras que, na verdade, é um ativo do varejo, acabava restrita à gestão do adquirente, no caso a Cielo, ou no máximo a duas outras instituições financeiras que tivessem a tal trava de domicílio bancário. O processo era lento, não respeitado por todos os players do mercado, portanto, era muito ineficiente.
Com a Circular do BC em 2019, que trouxe o conceito das registradoras, criou-se o ecossistema de central única para todas as agendas de recebíveis, garantindo veracidade, transparência e seguranças às operações registradas por todos os agentes no mercado.
Logo, qualquer agente, seja ele financeiro ou não, oferece produtos e serviços em cima dessa agenda de recebíveis. Então, o varejista pode vender por meio de uma empresa e trazer seu recebível à Blu, que vai antecipar os valores ou disponibilizar soluções inovadoras de gerenciamento.
Money Times: O que o Marketplace Blu já oferece?
Rafael Sobral: A Blu já nasceu justamente tentando resolver os problemas que existiam na relação entre o varejo e a indústria. Buscamos trazer alívio, sobretudo, ao varejista independente, de pequeno porte, que tem um grande risco de crédito perante à indústria, especialmente quando falamos em vendas parceladas.
E como poderíamos quebrar amarra do varejista pequeno com os fornecedores, trazendo mais prazo e melhores condições de pagamento? Foi quando a Blu inovou, lá atrás, ao usar os recebíveis de cartão de crédito do próprio varejista como garantia perante à indústria.
E do outro lado do balcão, os fornecedores antes acostumados em receber dos pequenos em no máximo três boletos, agora topam um parcelamento em dez ou mais vezes. O microempreendedor que não acessa crédito e não tem formas de se financiar passa a ter a própria indústria como fonte de financiamento.
Também como parte do nosso ecossistema de soluções financeiras ao varejo, hoje a Blu tem conta digital gratuita, oferta de soluções de crédito e de pagamentos à indústria, com condições que o varejista não conseguiria negociando diretamente com os fornecedores.
E desde o dia 07 de junho, com o marco regulatório, os varejistas podem acessar as soluções da Blu, trazendo seus recebíveis, independente do adquirente que transacionou a compra em cartão de crédito ou débito, podendo centralizar os recebíveis de Getnet, Stone (STNE), Elo, Rede e afins em uma única conta digital da Blu, repleta de serviços.