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Entrevista: criar leitos para a Covid foi o maior desafio de 2020, avalia Rede D’or

16 mar 2021, 16:16 - atualizado em 16 mar 2021, 17:20
A receita líquida da companhia cresceu 21,6% no trimestre e acumulou R$ 4,1 bilhões. No ano, o valor também obteve alta de 5,3% com R$ 14 bilhões (Imagem: Divulgação/Rede D’or)

O maior desafio que a Rede D’Or (RDOR3) teve que enfrentar em 2020 foi a criação de mais de 1.100 leitos públicos para os pacientes com coronavírus e ele parece não ter acabado.

A empresa, que realizou o maior IPO do mercado brasileiro desde 2013, contou com um ano conturbado em decorrência da pandemia, mas obteve resultados financeiros fortes, mostrando resiliência em sua gestão.

No último trimestre a empresa obteve R$ 302,9 milhões de lucro líquido, uma alta de 7% em relação ao mesmo período de 2019. No acumulado do ano, o valor sofreu queda de 61,4%, passando de R$ 1,6 bilhão no mesmo período do ano passado para R$ 483,5 milhões.

A receita líquida da companhia cresceu 21,6% no trimestre e acumulou R$ 4,1 bilhões. No ano, o valor também obteve alta de 5,3% com R$ 14 bilhões.

O Ebitda, valor de geração de caixa da companhia, ajustado, cresceu 24,5% com R$ 1,1 bilhão no trimestre, enquanto caiu 13,6% no ano, com R$ 3,1 bilhões.

Sabendo disso, o Money Times entrevistou o vice-presidente financeiro da Rede D’or, Otávio Lazcano, para entender um pouco mais sobre a situação da empresa.

Otávio Lazcano é vice-presidente financeiro da Rede D’or (Imagem: Divulgação/Rede D’or)

Qual foi o maior desafio da empresa em 2020?

A companhia fez o esforço em 2020 de disponibilizar para a parcela que não tem o benefício de um sistema de saúde privado o acesso a leitos hospitalares.

Fizemos doações de R$ 170 milhões de reais, investimento que totalizou R$ 270 milhões junto com o auxilio de outras companhias, que nos permitiu abrir mais de 1.100 leitos no Brasil para essa parcela da população. 

Acho que esse foi o grande desafio para a empresa e para a sociedade em geral. A companhia não fez conta de dinheiro, não pensou duas vezes e se colocou a frente dos problemas para disponibilizar esses leitos.

Além disso, outra dificuldade foi com a manutenção de nossas unidades, que não sofreram risco de rupturas durante o período, tanto nos hospitais de campanha, quanto nos leitos já existentes. Esses desafios só foram vencidos com o trabalho duro de nossos colaborados. 

Como fucionou essa disponibilização de leitos?

Na realidade, a organização era toda feita pelo governo. Existe uma lista de pacientes que precisam desse atendimento e não tem acesso a planos de saúde e ao sistema de saúde privado, então eles encaminhavam essas pessoas para uma das unidades que contavam com leitos disponíveis e nos faziamos a nossa parte.

A organização foi deles, mas os custos de construção, manutenção e atendimento foram todos nossos. Acredito que isso mostra muito nossos valores como empresa.

O balanço financeiro do 4º trimestre de 2020 veio acima das expectativas do mercado. Qual você acredita ser a explicação para isso? 

Os resultados realmente vieram bem fortes, apontando para uma grande recuperação dos resultados operacionais já a partir do mês de agosto de 2020, na verdade a receita bruta do ano é um recorde histórico para a companhia. 

Nós realizado o IPO no final do ano que nos deu musculatura financeira adicional para seguirmos em frente com os nossos planos de investimento e de crescimento, seja via construção de novos hospitais, expansão de unidades já existentes ou até mesmo a aquisição de outros hospitais.

Nós temos 32 projetos de crescimento orgânico que vão adicionair mais de cinco mil leitos aos 8.700 leitos hoje existentes da empresa ao final de 2025, fora as aquisições que executamos de tempos em tempos. 

Assim, os números evidenciam de uma forma inequívoca uma forte recuperação das operações já a partir do 3º trimestre. E que venham os próximos trimestres.