Entregadores de aplicativos querem regulamentação de direitos e anunciam paralisação dia 25
Parlamentares e representantes de entregadores de aplicativos de vários estados brasileiros entregaram nesta quarta-feira (8) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma pauta de reivindicações para melhores condições de trabalho.
Os trabalhadores querem melhores remunerações nas taxas de entrega; a criação de uma taxa mínima para remuneração; o fim dos bloqueios indevidos dos aplicativos; a criação de seguro de acidentes e também de alguma proteção – um seguro saúde, por exemplo – para eles entregarem com segurança durante a pandemia de Covid-19.
Eles anunciaram ainda uma nova paralisação geral da categoria para o próximo dia 25 de julho. A primeira greve ocorreu no dia 1 de julho e teve amplo apoio dos entregadores e da sociedade.
Projeto de lei
A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), afirmou que um novo encontro com o presidente da Câmara e com consultores legislativos deve ser realizado ainda hoje para poder dar início à sistematização de um projeto de lei que regulamente os direitos dos empregadores e garanta as reivindicações demandadas pela categoria.
“Os trabalhadores se organizaram para pedir uma pauta com os principais pontos de reivindicação, para se votar um conjunto de medidas para a jornada de cinco milhões de trabalhadores, que são bloqueados sem explicação, com uma ausência total de regulamentação de direitos”, disse a líder.
A deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP), que organizou o encontro da categoria com Rodrigo Maia, destacou que o presidente não apresentou prazo para votação de propostas, mas indicou que já na próxima semana devem começar a elaborar um texto.
Jornada de 14 horas
A coordenadora da frente de comunicação do movimento, Marcela Geoffroy, defendeu um esforço legislativo para garantir direitos à categoria dos entregadores de aplicativos.
Segundo ela, os trabalhadores ganham 70 centavos por quilômetro, com jornadas de 14 horas, de segunda a segunda e ganhando menos que um salário mínimo por mês.
O entregador Abel Santos, do Distrito Federal, afirmou que a pandemia piorou a situação dos trabalhadores de aplicativos e destacou que, fora a baixa remuneração, os entregadores devem arcar com os custos de operação, como a mochila de entrega, a gasolina e a sua própria proteção pessoal.
“Nesta pandemia, as plataformas aumentaram a taxa do restaurante para anunciar na plataforma, aumentaram os valores para os clientes e quando o entregador reivindicou o aumento disseram que não poderia aumentar”, criticou.
“Precisamos desse reajuste anual e da responsabilidade dos EPI para não sair do nosso bolso, já que as plataformas vendem com o preço absurdo. Fora as desigualdades no sistema de ranking, por exemplo.
Como eu vou ter um tempo de me cuidar, de lazer, tempo com a família. O dia tem 24 horas e trabalha-se 15, 16 horas por dia”, protestou.