Entre renovação da cana e abandono da pecuária, País se prepara para mais 2 mi/ha com soja
A rentabilidade que a soja oferece contamina cada vez mais produtores de cana. Não necessariamente abandonarão a cultura, mas tendem a seguir plantando a oleaginosa na renovação da cana velha mesmo que o faturamento com esta não seja satisfatório.
Em relação ao plantio da soja em áreas de pastos degradados, que é outra experiência já muito vista, o cenário é quase parecido.
À diferença que no caso o grosso da pecuária de corte está em regiões que comportam, por vocação climática e de sooos, outras culturas depois da soja, como o milho.
Ao contrário da cana, quando se olha para São Paulo, principal produtor, estado com poucas áreas propícias ao desenvolvimento do milho de inverno.
Então, é possível até o abandono da pecuária – atividade cujos ganhos com exportações são reclamados pelos produtores -, mas nem sempre da cana.
Desse modo, a estimativa do pessoal da soja, de aumento de cerca de 2 milhões de hectares para a safra 22/23, expansão calculada sobre o espaço da canavicultura e da pecuária, a balança se dá sobre aquelas características.
Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, estima que a soja saltará de 40,5 milhões para 42,5 milhões de hectares, dentro do otimismo do mercado e apesar de as vendas “antecipadas estarem em 10%, abaixo da média de 25% a 30% para o mesmo período”.
Sobra de caixa
A soja tem ciclo curto de três meses e a renovação da cana, de ciclo longo, se dá na entressafra, de dezembro a abril. Para aumentar a produtividade, se recomenda tirar a planta velha nesse período, depois de 6 a 7 safras, e entrar com outra cultura para a terra não ficar parada e, ainda, melhorar o seu perfil fisiológico com a rotação, lembra o consultor Ricardo Pinto.
Só que custa caro. E a soja foi sendo ‘descoberta’ como uma fonte de receita, e com sobra de caixa, para bancar os custos do plantio da cana, mesmo em períodos de baixa para este setor.
Em São Paulo, o mais comum era o plantio do amendoim, também de temporada curta.
Mas a explosão da demanda chinesa enche os olhos dos produtores.
Mesmo assim, a renovação da cana ainda gira na órbita de 100 a 200 mil hectares por ano, para uma área total de aproximadamente 8,4 milhões de hectares.
O CEO da RPA Consultoria estima que a cultura perdeu cerca de 3,5% de área nos últimos anos.