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Entre os incêndios e abelhas nativas, o alento está no agro

12 set 2024, 14:34 - atualizado em 12 set 2024, 14:35
agro incêndios
O que vem primeiro: a abelha ou o meio ambiente saudável para floradas? Incêndios causam preocupação para o setor agro (iStock.com/matteodestefano)

Temos acompanhado os incêndios que acontecem no interior de São Paulo há cerca de 15 dias, e que ainda vem acontecendo em boa parte do Brasil – em relação a incêndios de grandes proporções em florestas, áreas de vegetação nativa, reservas e plantações que estão sendo investigados, até pela Polícia Federal, para determinação exata de sua causalidade e eventual autoria criminosa, ao que tudo indica.

No final de semana de 23 a 25 de agosto, aconteceu de tudo um pouco. Quis o destino que este colunista ficasse em Ribeirão Preto, uma das regiões mais afetadas, apesar de viagens previamente agendadas – e devidamente remarcadas por conta dos contratempos em série – para testemunhar o que ocorreu no interior de SP naquele fatídico final de semana.

E o pior é que os incêndios não estavam ocorrendo apenas no interior de SP, mas em quase todo o país, desde a Amazônia, passando pelo Cerrado, Pantanal e indo até o Paraná.

Tudo como consequência – como hoje atestam os meteorologistas – dos efeitos do El Niño, como já citamos em outras colunas acerca de alguns desafios do agro para esse ano, mas agravados por outros fatores.

É importante frisar novamente que tais fatos passam por páginas policiais como tem atestado a grande imprensa que aponta para investigações de provável responsabilidade criminosa e incêndios programados em muitas dessas paragens.

Entretanto, não podemos olvidar a necessária análise dos potenciais mitigantes e dos aspectos que tocam a temática central de nossa coluna, já que tratamos nesse espaço de agronegócio e sustentabilidade e, certamente, o fogaréu – inobstante a suspeita de ter sido causado -nos trouxe reflexões.

A meliponicultura aponta um caminho

Quis então o destino que ao ficar em Ribeirão Preto, este colunista tivesse a oportunidade de participar – em meio às montanhas de fumaça por todos os cantos, frise-se -, a convite de um grande amigo, Fernando Di Sério e de minha esposa, Nara Pongitor de Souza, que trabalham juntos em projetos de meliponicultora; de um workshop, o Workmel, sobre a criação e manejo de abelhas nativas.

Vale explicar aqui para o nosso leitor que a criação de abelhas nativas, a meliponicultura, que não é a “apicultura”, criação das “apis” – mais comuns e que são abelhas “importadas” e não nativas do Brasil -, envolve cuidados especiais de manejo, meio-ambiente e ainda carece de estudos mais aprofundados, conforme tratado no evento que envolveu os maiores pesquisadores e estudiosos do tema no Brasil e no mundo, passando por manejo dos insetos e produção de mel.

Foi consenso entre os presentes a importância dos insetos para as floradas e, portanto, para a polinização – o que já é de conhecimento mais amplo – que atua na produção agropecuária, mas, em especial, com um olhar sobre a atuação dos insetos em áreas agrícolas, como na região de Ribeirão Preto.

Abelhas nativas, agro e sustentabilidade

Dessa maneiro, este colunista se deparou com o dilema: o que vem primeiro o ovo ou a galinha? No caso do que estava em discussão no evento seria, o que vem primeiro, a abelha ou o meio-ambiente saudável para as floradas?

A interação era clara e confirmava a importância de enfrentarmos o desafio de fazer uma coluna juntando os dois termos: “agronegócio” e “sustentabilidade”.

Não há agronegócio sem sustentabilidade, nem tampouco a sustentabilidade nos padrões que precisamos atingir no mundo, segundo reconhecido à unanimidade na última COP em Dubai, sem o agro.

Está tudo imbricado, como numa colônia de abelhas. Uma coisa depende da outra e nós, agentes, atores e espectadores nesse contexto, precisamos desenvolver a consciência crítica em torno do tema de modo a criarmos mecanismos de mitigação desses efeitos climáticos ao invés de “colocar mais lenha nessa fogueira”, como acontece de forma literal, infelizmente.

As abelhas nativas são um grande símbolo para isso, apesar de menos adaptáveis às mudanças bruscas de meio-ambiente causadas por fatores externos como o fogo, ainda são sentinelas das floradas e, portanto, da produtividade no campo, sustentabilidade e da produção.

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André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
andre.passos@moneytimes.com.br
André Ricardo Passos de Souza, é sócio-fundador do PSAA - Passos e Sticca Advogados Associados -, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais pela MP Consultoria/Banco BBM, LLM em Direito do Mercado Financeiro e de Capitais pelo IBMEC, bacharel em direito pela UERJ. Professor nos programas de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Conselheiro Fiscal da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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