Economia

Entre lucros e prejuízos: O que os resultados dos bancos indicam sobre a (tímida) melhora na economia

11 ago 2023, 10:40 - atualizado em 10 ago 2023, 16:06
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Os resultados apresentados pelos bancos até agora têm dividido o mercado. (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

A temporada de balanços das empresas brasileiras está pegando fogo e alguns resultados, especialmente dos bancos, já apontam como está o cenário econômico do país, segundo especialistas consultados pelo Money Times.

Os resultados apresentados até agora têm dividido o mercado. Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research, destaca que os balanços do Itaú Unibanco (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11) foram acima das expectativas, enquanto Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) vieram abaixo.

No caso do Itaú, no segundo trimestre de 2023, o banco teve com lucro líquido consolidado de R$ 8,9 bilhões. Já o lucro líquido recorrente alcançou R$ 8,7 bilhões, alta de quase 14% em relação ao mesmo período do ano passado. As expectativas giravam em torno da cifra de R$ 8,6 bilhões.

Já o BTG reportou lucro líquido ajustado de R$ 2,6 bilhões no período, o que representa um salto de 18% na comparação com o segundo trimestre de 2022.

Por outro lado, o Bradesco viu o seu lucro encolher mais de 30% ao registrar lucro líquido recorrente de R$ 4,51 bilhões.

Por fim, o Santander teve lucro de R$ 2,26 bilhões no segundo trimestre de 2023, em uma queda anual de 45,6%. Analistas consultados pela Refinitiv haviam previsto que o lucro do banco no trimestre atingiria R$ 2,47 bilhões.

“Diria que o resultado do Itaú e BTG foram acima das expectativas, enquanto Bradesco e Santander vieram abaixo. A impressão que tenho é que a gestão e o planejamento estratégico de cada instituição tem sido muito mais importante para o resultado recente do que o cenário macroeconômico como um todo”, afirma Sanches.

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A melhora (tímida) da economia

Já Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, aponta que a melhora econômica brasileira deve manter a tendência de recuperação de margens e melhoras operacionais, embora algumas empresas possam sentir mais desafios.

“Em geral, os resultados refletem, ainda de forma sutil, uma melhora gradual da conjuntura econômica nacional, tendência que deve continuar ao longo do ano”, diz.

Segundo ele, no caso de Santander, o banco foi o primeiro a experimentar uma desaceleração no crescimento do crédito e o primeiro a mostrar um aumento nos NPLs (Non Perfoming Loan, em inglês, ou crédito não-produtivo, na tradução livre).

Já no caso de Bradesco, depois de sofrer um grande aumento na inadimplência no ano passado, o banco se tornou mais seletivo na originação do crédito, reduzindo seu apetite de crescimento e focando em linhas de crédito mais seguras.

Já o Itaú apresentou um forte crescimento comercial nos últimos 18 meses, impulsionado por uma transformação cultural. A qualidade dos ativos permanece sob controle e o Opex (Operational Expenditure) foi melhor do que o esperado, compensando a receita de tarifas mais fraca.

“Alguns insights sobre a economia podem ser extraídos dos balanços dos bancos. A queda da inadimplência, por exemplo, pode refletir uma melhora na saúde financeira dos devedores, tal como menores pressões econômicas. Na parte da lucratividade, pode refletir a saúde geral da economia. Se os bancos estão registrando lucros robustos, isso pode indicar uma atividade econômica sólida, com empresas e indivíduos tomando empréstimos e investindo”, completa De Nicola.

Em relação ao segundo semestre de 2023, Sanches destaca que o consenso é de melhora nos números. “Com a inflação mais baixa, economia crescendo e juro caindo, os consumidores devem começar a ter mais recursos em mãos, aumentando investimentos, consumo e, ao mesmo tempo, diminuindo inadimplência”, diz.