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Entre a produção de soja e de fertilizantes, o Brasil dormiu e acordou 30 anos depois com a crise atual

21 jul 2022, 15:22 - atualizado em 21 jul 2022, 15:24
Produtor corre com a fertilização do solo com a maior parte do produto importado (Imagem: Pixabay)

Ao final dos anos de 1990, o Brasil produzia 32 milhões de toneladas de soja e na safra atual alcançou 124 milhões. Alguma coisa deu errado no meio do caminho com a cadeia produtiva não acompanhando o que vinha saindo lá da ponta. No caso dos fertilizantes, ‘descobriram’ só agora.

Ao final daquela década, o que o Brasil produzia de nutrição cobria metade das necessidades da soja e de outras culturas que explodiram no período, como o milho.

Em 2021, 85% já eram importados. Na soma, nesses 22 anos, as importações subiram 440%, em dados já conhecidos, produzidos pela Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).

“O que vemos é o agravamento de um cenário que já se mostrava preocupante há bastante tempo: a dependência por fertilizantes importados”, diz Fernando Tallarico, CEO da Águia Fertilizantes. A S/A gaúcha tem o Projeto Fosfato Três Estradas e espera produzir mais 300 mil toneladas por ano, ao seu mix, em planta de R$ 80 milhões,

Se o tema entrou na pauta com a grave crise ocasiona pela Rússia, na sua cruzada contra a Ucrânia, multiplicando os custos dos produtores, vale lembrar que desde 2020 a situação já vinha fora de controle.

A China já estava ajustando sua produção de fertilizantes, incentivando a consolidação de centenas de empresas sobre poucos guarda-chuvas, tendo na proa a política de ajustar seu desenvolvimento sob maiores controles ambientais. Como fazia também com as produtoras de defensivos, outras grandes consumidoras de carvão.

A falta de um projeto nacional, como destaca Tallarico, com parcos investimentos da Petrobras (PETR4) – que depois até desinvestiu desse negócio – e de grupos privados, e sem que os produtores alertassem para os riscos, foi o que deu errado nesse meio do caminho.

Na verdade, os exemplos da Rússia e China dando canseira no mundo, encarecendo ainda mais a produção de alimentos, são só a cereja do bolo da crise que se vive hoje.

A situação já era séria e poderia ter sido minimizada ainda bem antes do que o período comparado de produção da soja entre o final da década dos anos de 1990 aos dias atuais.

Em dados do IBGE, o volume da oleaginosa produzida em 1970 foi de 1,9 milhão/t, 10 anos depois subiu para 15 milhões de toneladas, muito antes ainda de a China se tornar o grande consumidor mundial, muito antes ainda a produção dominar o Centro-Oeste e muito longe ainda de o País se tornar o maior produtor mundial.

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